Praticidade e diversificação, características comuns no universo cervejeiro, são também tendências da vinicultura nacional. Porto Alegre acompanha o Brasil e vê surgir um novo conceito de restaurante especializado em vinhos, o wine bar. Foi a partir dessas ideias que Priscilla Ortiz levou adiante a proposta de popularizar rótulos brasileiros na Vineria 1976, criada em parceria com seu marido, René Moura, e localizada no bairro Moinhos de Vento.
Quando começou sua paixão pelos vinhos?
Quando fui morar na Inglaterra. Lá, fiz mestrado em marketing e trabalhei por cinco anos no Gaucho Grill, um restaurante londrino especializado em carnes e vinhos argentinos. Como os ingleses não são grandes produtores da bebida, eles têm uma variedade muito extensa, com vinhos do mundo todo. Foi assim que comecei a experimentar um pouco de cada variedade.
Qual seu tipo de vinho preferido?
Gosto muito de rosé, porque é delicado como o vinho branco, porém com sabores típicos do tinto. Tem, por exemplo, o sul-africano Klein Constantia, o francês Cuvée du Golfe e o catarinense Villa Francioni. Ainda assim, não sei se tenho um vinho preferido. Acho que depende do momento. Já aconteceu de tomar um vinho estudando sozinha e achar magnífico, mas em outros lugares, nem tanto.
Como nasceu a Vineria 1976?
Na Europa, eu e meu marido, René, conhecemos o chamado wine bar, um tipo de local onde o vinho era a figura principal. Aqui no Brasil, não se vê muitos bares com a proposta de beber uma taça casualmente. Talvez isso seja mais comum com a cerveja, mas os restaurantes geralmente tratam os vinhos como coadjuvantes chiques e os vendem por garrafa. Como o René fez especialização em Wine Business, decidimos abrir juntos a Vineria. Nossa ideia foi conceber um espaço aconchegante em que o vinho pudesse ser bebido sem muitas firulas. O bar tem por volta de 70 rótulos, destes selecionamos 12 toda semana para serem vendidos por taça. Ainda assim, quem prefere a garrafa inteira também tem essa opção.
Qual a história por trás do nome do bar?
Esse tipo de lugar especializado em vinhos se chama, em italiano, vineria. Já o ano 1976 faz referência ao Julgamento de Paris, famosa degustação que teve como vencedor um vinho americano, o Chateau Montelena. Isso marcou a quebra da superioridade europeia no reconhecimento da qualidade dos vinhos. O mundo começou a olhar para outros produtores, como o Chile, a África do Sul e até mesmo os Estados do sul do Brasil.
Como você vê a produção e o consumo de vinhos no Brasil?
Estamos há nove meses operando o bar e fiquei surpresa com algumas coisas. Embora o consumo de vinhos brasileiros seja baixo, percebi uma boa aceitação do público com as marcas nacionais, sejam elas da Serra, da Campanha ou de Santa Catarina. Também notei o mesmo com os espumantes. Mais da metade da nossa seleção de espumantes é brasileira. As pessoas que vão ao nosso bar não costumam ter preconceito com rótulos brasileiros. Confiamos tanto nisso que, na semana de comemorações pelo Dia Nacional do Vinho, todos os nossos vinhos da carta eram nacionais.