As cervejas artesanais estão ganhando cada vez mais apreciadores, e os bares cervejeiros conquistando mais espaço no cenário boêmio. Mas que atire a primeira pedra quem nunca se deparou com uma taplist – aquele painel cheio de estilos e números – e não tenha entendido nada do que os percentuais têm a dizer.
Nesta semana, convidamos a sommelière de cervejas Rafaela de Conti para ir conosco ao Inca Bar de Cervejas, em Porto Alegre, e nos ajudar a desvendar as nomenclaturas e as siglas mais comuns no universo cervejeiro. Além disso, ela compartilhou uma série de dicas para acertar na escolha, conforme seu paladar.
ESTILOS DE CERVEJAS
Alguns nomes de estilos costumam se repetir nos quadros. Eles definem os parâmetros que as cervejarias usam para se orientar na produção das bebidas. Por exemplo, seja no Brasil ou em qualquer outro país, uma IPA deve estar dentro das características necessárias e esperadas em relação a aroma e sabor, assim como a pilsen, por exemplo.
São mais de 150 estilos de cervejas no mundo todo, mas, os mais comuns são: pilsen, weiss, witbier, red ale, pale ale, stout e porter.
– Nos bares você poderá encontrar mais de um tipo de cada estilo, feito por diferentes cervejarias – explica Rafaela.
ÍNDICE DE AMARGOR
Entre as siglas que aparecem nos quadros, está o IBU, que, em inglês, significa International Bitterness Unit. Ele indica o índice de amargor da cerveja e costuma ir de 0 a 100. A mesma referência vale para outras bebidas, como vinhos e destilados. Na teoria pode parecer complexo, mas em boca é de fácil percepção.
– Se você é do time que prefere bebidas mais amargas, procure por IBUs mais altos (de 30 a 50), caso contrário, para cervejas leves, opte pelo índice mais baixo (de 8 a 15) – sugere a especialista.
TEOR ALCOÓLICO
Em inglês, Alcohol by Volume, o ABV mede o teor alcoólico da cerveja. A composição alcoólica de cada bebida é formada durante o processo de fermentação, no qual o açúcar é transformado em álcool. Para ter uma noção, cervejas de baixo teor alcoólico variam abaixo de 4% ABV, como a american lager.
Entre 4,5% a 6% ABV, as de médio teor são a maioria, como weiss, pilsen e porter. Acima de 6% , já são consideradas fortes, com a bock.
TEMPERATURA
Uma informação que, normalmente, não está no quadro de cervejas, mas você pode encontrar nos rótulos das garrafas, é a sugestão de temperatura para consumo. Seguindo a indicação, você poderá sentir melhor os aromas e os sabores daquela bebida. A cerveja artesanal tem características sensoriais que vêm dos ingredientes especiais da receita. Então, na temperatura ideal, você sentirá todos os atributos.
– Isso não quer dizer que você não pode tomar a cerveja estupidamente gelada, mas, dependendo do estilo, poderá prejudicar a experiência, pois gelando as papilas gustativas poderá perder a percepção mais delicada do aroma – esclarece.
A ESPUMA É IMPORTANTE?
Outra dica da sommelière é preservar a espuma da cerveja. Ela ajuda a conservar a temperatura, os aromas e os sabores que são muito voláteis. Então, servir sem espuma faz com que esses atributos evaporem com mais facilidade.
DEGUSTAÇÃO
Se sua ideia for degustar diversos estilos na próxima ida a um bar, busque começar pelas de menor IBU e menor graduação alcoólica. Então, vá aumentando gradativamente. Começar pela cerveja de maior amargor irá preencher as papilas gustativas e, caso a bebida seguinte seja mais leve, esse residual seguirá no paladar, prejudicando a degustação.
NÃO ESQUEÇA DA ÁGUA
Para conseguir provar vários estilos, busque intercalar com copos de água. Além de limpar o paladar, ajuda a equilibrar o álcool para curtir mais a noite.