Se café é um patrimônio brasileiro, a Café do Mercado é patrimônio porto-alegrense. Desde 1997, a marca da segunda bebida mais consumida do mundo – perdendo apenas para a água – é pioneira no movimento de diferentes torras, novos métodos de extração, estudos de terroir e padronização de qualidade dos cafés especiais em Porto Alegre.
Os irmãos Clóvis e Felipe Althaus iniciaram a torrefação dos grãos no Mercado Público da capital gaúcha após uma temporada nos Estados Unidos. A falta de protagonismo do Brasil, o maior produtor do mundo, foi o impulso para que os dois dessem início a uma trajetória que faz parte da história dos cafés especiais na cidade e no país inteiro.
– Morávamos na Califórnia e vimos o início de algumas operações de café por lá que nos inspiraram. Quando voltamos a Porto Alegre, surgiu a oportunidade de trabalhar no Mercado Público e assim começamos o Café do Mercado – conta Clóvis.
Apesar de estar fora da rota de produção cafeeira, o que dificulta um pouco a logística, a Capital tem um ponto positivo: o inverno bem definido.
– Esse fato aumenta o interesse das pessoas em produtos de gastronomia e, principalmente, bebidas quentes – diz.
Hoje, a marca trabalha com cafés para espressos, gourmets, de torra clara, em cápsulas, filtrados, edições limitadas e especiais de origem. Além disso, dispõe de maquinário específico para produzir bem em casa ou em cafeterias.
– Somos uma torradora de cafés de alta qualidade, focada em atender cafeterias com nossos produtos e cursos de barista, emprestando a força da marca. Também fomos a primeira empresa a oferecer cafés especiais certificados no varejo tradicional de forma consistente – explica Clóvis.
NO BRASIL
Em 2023, houve um crescimento no consumo da bebida no nosso país com relação ao ano anterior. O relatório da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) registrou que cada pessoa consumiu cerca de 6,4kg de grãos de café cru, ao mesmo tempo que o consumo de grãos torrados e moídos chegou a 5,12kg per capita. Também pudera, não há como imaginar um dia sem um cafezinho para acordar ou depois do almoço para ajudar na digestão, não é mesmo?
A expectativa de crescimento também se estende aos cafés especiais, que já teve aumento nos últimos dois anos, segundo pesquisa realizada pela Brainy Insights. Ainda segundo o estudo, o mercado global desse tipo de café deve atingir a marca de mais de US$ 150 bilhões até 2030.
Isso muito se deve ao uso doméstico de cafés especiais, para além das cafeterias. O Brasil, inclusive, aparece como um dos países em ritmo considerado de procura, junto com China e Índia.
– Após provar um café bem torrado e fresco, a pessoa não consegue mais tomar o velho “extraforte”, que, na verdade, foi “queimado” para mascarar o gosto ruim do grão de baixa qualidade. Outro aspecto importante é o crescimento dos cafés em grãos, o que mostra que cada vez mais pessoas têm moedores em casa, ou seja, investem na qualidade do seu café – afirma o empresário.
Segundo o Google, termos como “moedor de café”, “prensa francesa”, “cafeteira italiana” e “café especial” – equipamentos e produtos para produção da bebida de alta qualidade em casa – tiveram picos de procura a partir de 2020, o que mostra o resultado de uma expectativa antiga dos sócios.
– Trabalhamos para isso desde 1997 e os resultados estão aí. O cantinho do café é cada vez mais importante, ponto alto da casa, local de encontros e celebrações – exalta Clóvis.