Já conhecida como "a série para maiores da Bruna Marquezine", Amor da Minha Vida chega ao Disney+ nesta sexta-feira (22), com 10 episódios. A reportagem teve acesso aos quatro primeiros capítulos e, a partir desta prévia, foi possível ter um vislumbre do que a produção pretende entregar para o público — restrito, vale ressaltar.
A criação do programa é de Matheus Souza (Ana e Vitória), que frequentemente coloca em suas produções temas como relacionamentos efêmeros da juventude e amadurecimento e mais uma vez aplica a sua fórmula. O escritor também é diretor de cena da série, ao lado da própria Bruna e de René Sampaio (Eduardo e Mônica), que ainda é o diretor-geral da atração.
A trama acompanha os encontros e desencontros de Bia (Bruna Marquezine) e Victor (Sérgio Malheiros), melhores amigos e confidentes um do outro. Entre amores e desilusões, a dupla enfrenta a pluralidade das relações contemporâneas em uma jornada de amadurecimento e autoconhecimento, até que a relação muda — e, aparentemente, nada mais será como antes.
Cenas picantes
Logo que foi anunciada como 18+, Amor da Minha Vida já foi colocada na prateleira do: "Opa, vai ser picante!". De fato, tem várias cenas de insinuação de sexo. Vale pontuar que, nestes primeiros quatro episódios, em diversos momentos, os personagens aparecem sem roupa — em planos respeitosos, nada explícito ou vulgar.
As sequências são inseridas na produção com o propósito de ajudar a contar a história, porém, ela não convence, o que pode transformar os momentos de sexo em levemente gratuitos. E, claro, são sempre jovens sarados mostrando os corpos — quem foge um pouco disso, aparece somente com roupas.
Amores líquidos
O criador Matheus Souza já vem batendo na tecla de levar para as telas, seja de cinema ou de TV, a confusão e a inquietação que habitam os corações e as mentes dos jovens — mesmo que eles estejam na casa dos 30. Ele ainda navega nas águas dos amores líquidos, conceito criado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que classifica relacionamentos contemporâneos como descartáveis, frágeis.
O problema é que, nos quatro primeiros episódios, este conceito é trabalhado com pouca criatividade, sendo um condensado de situações que já foram vistas em outras várias produções. Inclusive, pontos de virada importantes na história dos dois protagonistas são muito semelhantes e próximos na linha do tempo um do outro.
Além disso, pesa a questão da adolescência prolongada — ou tardia — vivida por diversos personagens, com destaque para a Bia, que é imatura e em quatro episódios, pouco evolui, tendo a interpretação com atitudes exageradas de Bruna, com birras e manhas, como agravante. Diversas cenas só deixam vontade de revirar os olhos — como uma em que ela está em uma caçamba de entulho, porque diz que se sente como lixo.
Entrega da dupla
Como dito anteriormente, Bruna Marquezine, protagonista e diretora de cena da série, exagera ao viver uma adulta com atitudes de adolescente aos 29 anos. A atriz, porém, tem a seu favor a facilidade de chorar em cena. Ela faz isso muito bem, de maneira convincente. Só que, por isso, a produção a coloca aos prantos sempre que pode.
O desenvolvimento da personagem Bia precisa de mais do que isso para que seja cativante como figura central da trama, o que não ocorre. Pelo menos não nos quatro primeiros episódios. Tem chance de isso mudar no decorrer do programa — afinal, são 10 capítulos.
Já Sérgio Malheiros é quem tem mais espaço para brilhar, entregando uma atuação mais contida e centrada, conversando totalmente com o propósito do seu personagem. É um jovem adulto, com atitudes que condizem com a idade. Não precisa ser infantilizado. Os seus melhores momentos estão em cenas em que Bruna não está.
Melhores amigos?
A série, em seus quatro primeiros episódios, dá a entender que Bia e Victor caminham para se tornarem mais do que amigos. É um movimento comum em comédias românticas, mas uma produção que quer ser "descolada" e trabalha dentro dos mesmos clichês de sempre pode ser decepcionante. Homens e mulheres não podem simplesmente serem melhores amigos sem existir um interesse romântico entre eles? Bia e Victor, até onde a reportagem acompanhou, estavam em jornadas amorosas distintas, mas já começaram a aparecer elementos de que eles podem ficar juntos no final... Precisa?
Amor da Minha Vida quer contar a história de jovens de classe média meio despreocupados, mostrando as suas dificuldades de se encaixar no mundo adulto, mas deixa difícil para quem está fora deste nicho específico se conectar com a história. A torcida é para que os episódios subsequentes sejam melhores.