A atriz Fran Drescher, 65 anos, tornou-se o rosto por trás da paralisação de atores e roteiristas de Hollywood. Conhecida pela personagem na série dos anos 1990, The Nanny, a artista é presidente do sindicato responsável pela greve oficializada na última quinta-feira (13), o Screen Actors Guild (SAG).
Além de ser a protagonista da produção, Fran foi a criadora e roteirista de The Nanny (1993-1999). Outros trabalhos de destaque da atriz incluem o filme Um Conto Quase de Fadas (1997), que protagonizou ao lado de Timothy Dalton, a voz da personagem Eunice nos longas Hotel Transilvânia e a série Happily Divorced (2011-2013), também criada por ela.
A artista tem se destacado por suas críticas e forte posicionamento contra as condições de trabalho e as novas dinâmicas impostas a atores e criadores.
— Este é um momento histórico — disse ao anunciar a greve. — Se não nos mantivermos firmes agora, todos teremos problemas. Todos correremos o risco de sermos substituídos por máquinas e grandes empresas.
Em outro momento, a atriz fez duros comentários sobre os gigantes do entretenimento e do streaming — que integram a Alliance of Film and Television Producers (AMPTP em inglês), tais como Netflix, Disney, Amazon Prime Video, Paramount e Warner Bros — e os classificou como "nojentos". Segundo ela, tais empresas se recusam a compartilhar de forma justa parte do lucro com os atores que participam das atrações.
— Eu estou em choque por conta da maneira como as pessoas com as quais fazemos negócios estão nos tratando — afirmou. — (Dizem) que estão perdendo dinheiro a torto e a direito, enquanto dão a seus CEOs centenas de milhões de dólares. É nojento, tenho vergonha delas (empresas).
A líder sindical ainda pontuou que essas companhias estão do lado errado da história neste momento. O movimento que se instaura hoje, conforme afirma ela, é fruto de uma união sem precedentes.
Contra a inteligência artificial
O debate sobre o uso da inteligência artificial em Hollywood tem gerado diversas críticas e, inclusive, medidas inusitadas por parte dos atores. Whoopi Goldberg, por exemplo, já deixou registrado em seu testamento que ela não poderá ser transformada em um holograma após a morte.
Fran Drescher, por sua vez, reiterou o posicionamento sobre as mudanças provocadas pela IA e os perigos que podem causar no mundo artístico ao afirmar que os atores correm o risco de serem substituídos por máquinas (computação gráfica).
— O que está acontecendo aqui é importante porque o que está acontecendo conosco está acontecendo em todos os campos de trabalho, pois os empregadores fazem de Wall Street e da ganância sua prioridade e esquecem os contribuintes essenciais que dirigem a máquina — analisou.
Paralisação conjunta
A atitude da atriz e o comportamento dela diante da paralisação têm sido comparados com a trajetória do ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Regan. Assim como ela, Regan também foi presidente do Screen Actors Guild (SAG) na última vez em que o SAG e o Sindicato de Roteiristas (WGA) se uniram em uma grande greve, em 1960.