Sucesso na Netflix, a série Dahmer: Um Canibal Americano é inspirada em crimes reais cometidos pelo serial killer Jeffrey Dahmer. Entre 1978 e 1991, ele assassinou 17 homens em Wisconsin e em Ohio, nos Estados Unidos, geralmente atraindo as vítimas para a sua casa e depois dopando-as, matando-as e desmembrando seus corpos.
Protagonizado por Evan Peters, o seriado de Ryan Murphy mistura realidade e ficção para contar a história do assassino. A seguir, veja o que foi criação no roteiro, a partir de um levantamento do portal Milwaukee Journal Sentinel com base em reportagens da época, e no livro Monster: The True Story of the Jeffrey Dahmer Murders, da repórter Anne E. Schwartz.
Glenda Cleveland não morava no mesmo prédio que Jeffrey Dahmer
Uma das maiores mudanças feitas para a série é que Glenda Cleveland, personagem da atriz Niecy Nash, não era vizinha de porta do serial killer. Na vida real, ela morava em outro prédio na mesma rua, em Milwaukee.
Na trama da Netflix, a personagem é a união de duas testemunhas: a verdadeira Glenda Cleveland e Pamela Bass — essa, sim, vizinha de apartamento de Dahmer na época. Foi Pamela quem teria afirmado que o assassino fazia sanduíches para outras pessoas no prédio.
Policiais devolveram vítima ao assassino
Assim como na série, os policiais de Milwaukee "devolveram" o adolescente laosiano Konerak Sinthasomphone, 14 anos, a Dahmer. Em 27 de maio de 1991, o assassino deixou a vítima em casa, saiu para comprar bebidas e, quando voltou, a encontrou em estado de confusão mental conversando com três mulheres, que chamaram a polícia.
Os policiais foram convencidos por Dahmer que tudo não passava de uma briga de namorados e, após uma rápida averiguação, em que não encontraram os restos de cadáveres no apartamento, foram embora e deixaram o adolescente para ser morto pelo serial killer. Logo depois, os oficiais John Balcerzak e Joseph Gabrish falaram por rádio sobre a necessidade de serem "desinfetados":
— 10-4 (código de rádio da polícia). Vai levar um tempo, meu parceiro vai ser desinfetado na delegacia.
Ambos os oficiais, bem como um terceiro que ajudou (Rick Porubcan), foram suspensos assim que os assassinatos de Dahmer foram descobertos, incluindo mais cinco depois daquela noite. Os dois foram demitidos pelo chefe de polícia Philip Arreola, depois reintegrados por um juiz em 1994.
Porém, diferentemente do que é mostrado na série, os policiais não recebem homenagens de "policial do ano".
Dahmer fez vítima assistir a O Exorcista
O assassino realmente mostrou um filme de terror para Tracy Edwards, o homem que escapou do apartamento de Dahmer e depois levou a polícia de volta ao local onde ele foi descoberto. Porém, na realidade, o longa que ele apresentou foi O Exorcista 3. Outro filme que o serial killer gostava era Star Wars: O Retorno de Jedi, que é mencionado na série.
Assassino realmente tinha evidências de crimes quando foi parado pela polícia
Outra ocasião em que a polícia poderia ter pego Dahmer foi quando ele foi abordado carregando evidências de seus crimes no carro. Em depoimento, o serial killer revelou que, em 1978, estava levando sacos de lixo com os restos mortais de Steven Hicks no banco do carro quando foi parado por policiais durante a madrugada. Mas a ação não deu em nada, e o criminoso conseguiu se safar dos agentes.
Jeffrey Dahmer bebia sangue?
Na série, Dahmer consegue um emprego como flebotomista em um centro de exames de sangue. Em uma cena, ele consegue ter acesso a uma bolsa de sangue que mais tarde bebe em seu apartamento.
Na vida real, o assassino não fez exatamente isso. Em depoimento, ele disse que chegou a provar sangue de um frasco, mas cuspiu logo em seguida.
O caso de Ron Flowers
Como mostrado na série de Ryan Murphy, Ron Flowers quase foi uma das vítimas de Jeffrey Dahmer. Na ficção, ele é levado para a casa da avó do assassino e se salva graças à vigilância dela.
Na vida real, porém, o serial killer acabou voltando atrás em sua decisão de fazer uma nova vítima porque ele não tinha certeza se conseguiria carregar o corpo de Flowers, que pesava 113 kg na época.
O cheiro do apartamento
Inquilinos do Oxford Apartments, onde Jeffrey Dahmer cometia seus crimes, reclamaram mesmo do mau cheiro e disseram ter ouvido gritos. O síndico do prédio teria falado com Dahmer pelo menos três vezes, mas não se sabe se ele ameaçou o assassino de despejo como aconteceu na série.
Segundo o Milwaukee Journal Sentinel, o síndico teria até mesmo ajudado Dahmer a limpar seu congelador uma vez, em uma tentativa de reduzir o mau cheiro.
E Tony Hughes?
Tony Hughes, homem surdo que foi morto por Dahmer, ocupa um papel de destaque na série. Os dois aparecem numa relação afetiva, com o assassino desistindo de matá-lo em duas ocasiões.
Em sua confissão, o assassino disse que nunca conheceu Hughes antes da noite em que o matou. Uma amiga da vítima, no entanto, relatou à polícia que Dahmer e Hughes eram amigos há mais de um ano.