Estreou neste domingo (10) o quadro Pequenos Gênios do Domingão com Huck, da TV Globo, uma competição entre trios formados por crianças com altas habilidades, condição popularmente conhecida como superdotação. E já teve gauchinha deixando o público de queixo caído com suas aptidões: Anita Hoffman, de 10 anos, que participou do episódio de estreia ao lado da equipe batizada de "RápidaMente".
Junto aos colegas de time Silas e Miguel, Anita levou a melhor na disputa deste domingo, vencendo a equipe rival, a "MMC", por 93 a 87 pontos. Com isso, ela e os companheiros seguem para a semifinal do Pequenos Gênios, que terá ainda outros seis trios disputando esta primeira fase.
Moradora da zona norte de Porto Alegre, a pequena começou a dar sinais de suas habilidades fora do comum ainda em idade pré-escolar. É o que conta a mãe dela, a gerente executiva Christiane Hoffman, de 43 anos.
— Desde muito pequena ela fazia coisas extraordinárias, mas, na época, eu achava que qualquer criança poderia fazer aquilo. Por exemplo, ela escreveu a primeira redação com três anos de idade. Eu achava que qualquer criança poderia escrever uma redação com três anos de idade, se estivesse em um ambiente com acesso a livros, estímulo de leitura etc. — lembra Christiane, que é mãe também de Alana, oito anos.
A descoberta da condição veio somente quando Anita ingressou na escola, e tão logo começou a detestá-la. Isso porque, em razão das altas habilidades, a menina estava sempre à frente dos colegas, além de já dominar a maioria dos conteúdos previstos para a série que à época cursava. As aulas acabavam sendo frustrantes para ela, e Christiane também ficava frustrada ao ver a insatisfação da filha.
Foi aí que ela buscou auxílio especializado para entender o que se passava com a menina. No caso de Anita, o diagnóstico das altas habilidades veio através de um teste de QI conduzido por neuropsicólogo, no qual a gauchinha marcou 143 pontos. O resultado colocou-a na categoria de pessoas portadoras da chamada "inteligência genial", ou seja, com um quadro de altas habilidades.
A mãe ficou confusa e sem saber como lidar com o diagnóstico, mas Anita ficou "normal", pois, ela conta, já tinha clareza de que não era igual aos colegas de escola.
— Eu fiquei normal. Tipo assim, eu soube que eu era diferente, mas saber não mudava eu ser diferente ou não. Então, fiquei igual — resume Anita, que já planeja cursar universidade na Alemanha e tornar-se bióloga, cientista e astrônoma.
Com o diagnóstico, a pequena progrediu algumas séries na escola — hoje, aos 10 anos, cursa a 7ª. Mas só isso não foi suficiente, porque ela continuava frustrada. Então, para conseguir suprir sua demanda por conhecimento, Anita começou a fazer cursos extras voltados para o desenvolvimento de suas aptidões. Foi por intermédio de um deles que ela foi parar no Domingão com Huck.
Segundo Christiane, a menina foi indicada ao programa pela rede Kumon. Passou por dezenas de testes, até que ficou entre as 24 crianças selecionadas para participar da atração. A disputa, além de permitir que os pequenos competidores acumulem quantias em dinheiro que serão depositadas em uma poupança em nome deles, trouxe para Anita um prêmio que valor nenhum poderia comprar: encontrar seus iguais.
— A Anita é uma criança extremamente solitária, ela não consegue nunca encontrar um par. Ela se dá muito bem com pessoas mais velhas e com crianças bem mais novas, mas tem um bloqueio na faixa etária dela. Ela não consegue criar um vínculo porque nada combina. Mas, quando chegamos lá no Rio para gravar, éramos 24 famílias, 24 crianças com seus pais ou mães, e todos ficamos hospedados no mesmo hotel. E aquelas 24 crianças juntas era a coisa mais linda de ver, eu cheguei a chorar, porque parecia que eles eram melhores amigos da vida inteira. Fiquei emocionada de ver a Anita feliz no meio de pessoas da idade dela — conta a mãe.
Solitária também é a condição de mães de crianças com altas habilidades, conforme Christiane. No caso dela, as iguais foram encontradas através da Associação Gaúcha de Apoio às Altas Habilidades e Superdotação, uma organização sem fins lucrativos que trabalha na identificação de pessoas com altas habilidades e no acolhimento às famílias, e pode ser procurada, por exemplo, por pais que suspeitam que o filho tenha este diagnóstico e não sabem como proceder.
— Quando um laudo de QI, como foi o nosso caso, cai no colo de uma família, essa família não sabe para onde correr. A gente fica que nem cachorro em tiroteio, pois não sabe o que fazer com isso, ao mesmo tempo em que precisa dar o melhor atendimento para o nosso filho. A associação serve pra isso — explica.