Os telespectadores se despedem nesta quinta-feira (7) de mais uma temporada de No Limite. Dos 24 participantes que desembarcaram na fictícia Praia Dura, no Nordeste, apenas cinco permanecem na disputa pelo prêmio de R$ 500 mil. Charles, Clécio, Ipojucan, Lucas e Victor participam de mais duas provas e a decisão de quem será o vencedor fica a cargo do público, que votará pelo Gshow.
Logo que a edição foi anunciada — a segunda após um hiato de 12 anos — a Globo já prometeu que, desta vez, não haveriam mordomias. Se no ano passado a produção pegou leve com as provas e a estadia dos participantes no acampamento, agora o perrengue seria mais intenso. E podemos dizer que a temporada cumpriu a missão.
O destaque fica com as provas na água. Ao longo das semanas, ao menos uma etapa dos desafios envolvia natação, mergulho ou equilíbrio no mar. Além disso, foram vários os desafios de resistência, especialmente na reta final da competição, quando as tribos se juntaram. A clássica prova da comida também não foi fácil: incluiu "iguarias" como minhocas, cérebro de bode e um ovo de cem dias.
Outra novidade do No Limite foi Fernando Fernandes. Substituindo André Marques, o apresentador mostrou a que veio e comandou o reality com a emoção e energia de quem é tetracampeão mundial de paracanoagem.
— Tudo o que envolve o programa, eu tenho conhecimento: esporte, superação, desafio, reinvenção, força. Eu só precisava transmitir tudo isso para o público, e dei o meu melhor — celebrou o apresentador, em entrevista à Globo.
Mas, como um bom reality, a melhor parte foi a convivência entre os participantes. E muito disso tem a ver com a escolha do elenco, que apostou na diversidade: havia gente de todo tipo físico, origem, orientação sexual e etnia. Com essas diferenças, os conflitos surgiram, assim como as panelinhas, e o público foi presenteado com momentos marcantes. Relembre a seguir.
Matheus... ou Pires?
Um meme que circulou no Twitter na época em que a novela Amor de Mãe era exibida dizia o seguinte: "Finalmente história de gays trambiqueiras. Ninguém aguenta mais só história de gay sofrendo. Queremos mais gays assim, gays empinando de moto, gay dando tiro etc". E a Globo atendeu a esse pedido na escolha do elenco de No Limite com Matheus — ou só Pires?
Logo que chegou no reality, o diretor pedagógico pediu aos colegas para ser chamado de Pires e afirmou estar desempregado. Mas a verdade é que essas informações não passavam de estratégia. Ao público, o carioca revelou que estava criando um personagem, "sem pudor nenhum":
— Ninguém me chama de Pires, todo mundo me chama de Matheus. O que eu estou fazendo aqui é totalmente montar um personagem, não estou sendo eu, Matheus, que sou lá fora. Eu sou um pedagogo diretor que acabou de ser promovido, inclusive.
Depois disso, ele ficou conhecido no Twitter como "a gay trambiqueira" e, a cada semana, conquistava mais o público manipulando seus colegas de tribo e assumindo descaradamente a estratégia para o público. E foi longe: cotado pela tribo para sair na segunda semana, "Pires" resistiu até mais da metade do programa.
Manipulação da gaúcha
Um dos trambiques mais célebres de Pires ocorreu já na segunda semana, quando ele teve uma "conversa" com a gaúcha Verônica horas antes de ela reunir os colegas de tribo e pedir para ser votada no portal. Na época, o diretor pedagógico sabia que estava na mira.
Depois de sair, durante participação no programa A Eliminação, Verônica classificou a atitude do ex-colega como "falsidade".
— Ele aproveitou. Naquele momento, ele viu que eu já estava fragilizada, minha cabeça já estava desestruturada. Acho que dos 90% que pedi pra sair, esses 10% ele falou assim: "Vai".
Gordofobia ou migué?
Outra estratégia de Matheus Pires para escapar de ser votado foi tentar cativar os colegas de tribo com histórias tristes de seu passado. Em certa ocasião, enquanto estava na equipe Sol, ele decidiu reunir os participantes para revelar que teve uma infância marcada pela gordofobia e que, anos depois, isso acabou fazendo com que ele apelasse cada vez mais para procedimentos estéticos.
— (Eu) tinha o sonho de colocar prótese no peito. Coloquei as próteses, fiquei lindo, arrasei. Não botava blusa para mais nada. Depois de seis semanas, uma prótese acordou muito inchada e tive que tirar. Se já me achava feio antes, imagina agora com um peito? Quando tirei a prótese e passou um mês de recuperação, fiquei bem e falei: "Cara, estou muito bonito do jeito que sou".
Mais para frente, a estratégia foi repetida quando Pires mudou para a tribo Lua. Ao ver que estava ameaçado, ele contou novamente seu "drama pessoal" — e o público seguiu amando ele.
Oração em papo sobre diversidade
Outro momento que rendeu nas redes sociais foi na tribo Lua, quando estava rolando um papo sobre diversidade e, do nada, Shirley decidiu interromper:
— Vamos agradecer e vamos orar? Todo mundo concorda?
A ação deixou alguns colegas de tribo desconfortáveis, especialmente após um discurso da educadora física:
— É bom demais você não ser ignorante das coisas, eu estou ligada na conversa de vocês. Eu quero sair daqui sabendo mais e criticando menos. Eu tenho meus princípios e eu não vou mudá-los. Mas opinião, cara, a gente muda. Eu estou amando essa coisa toda diferente, nunca convivi com pessoas tão diferentes.
Blefe do Léo no portal
Um dos momentos mais marcantes da edição foi uma medida desesperada de Léo ao perceber que não havia escapatória da eliminação. Chegando no portal, o cirurgião-dentista pediu a atenção dos colegas e disse que ia contar uma "historinha" que, na verdade, não passava de blefe: ele afirmou que, na primeira prova, encontrou um item que valia imunidade.
Os colegas ficaram surpresos, mas o tiro logo saiu pela culatra.
— Isso aqui não está na dinâmica do jogo — revelou o apresentador Fernando Fernandes, ao segurar o "colar" improvisado por Leonardo.
Nas redes sociais, o momento rendeu memes. Alguns internautas ficaram sem entender o motivo de Léo ter tentado "falsificar" uma imunidade, enquanto outros trataram de explicar que essa estratégia é comum em edições do programa em outros países.
Beijos sem escovar os dentes e pé na panela
Isolados no meio do mato, os participantes de No Limite não cumprem à risca uma rotina de higiene — até porque itens como escovas de dente, desodorante e sabonete não são permitidos nos acampamentos, a não ser como prêmio nas provas. Por isso, algumas atitudes causaram um certo mal estar no público.
Roberta, por exemplo, teve a ideia de improvisar um "escalda-pés" em uma panela de comida. O momento repercutiu:
A troca de selinhos entre os integrantes da tribo Sol também não foi vista com tanto romantismo assim:
As habilidades (físicas) de Janaron
Assim como Matheus Pires, Janaron foi um dos destaques do programa. Nas mais diversas provas, o tatuador mostrava habilidade e desenvoltura e não demorou para se tornar um dos favoritos do público.
Em uma prova, por exemplo, ele conseguiu desatar nós debaixo d'água, em apneia.
— Eu faço mergulho e pesca "sub" (aquática) de apneia... E na hora que eu vi os nós, eu fiquei ali submerso. Eles disseram que só com os pezinhos (para fora) balançando e tirando todos os nós ali — comentou no programa.
Em outra ocasião, ele se equilibrou muito bem sobre estacas no mar e, depois, explicou ao público que se preparou para a prova em um ritual indígena, passando terra no corpo e mentalizando os elementos de água e fogo.
As habilidades de convivência de Janaron, por outro lado, não eram tantas. Logo que a fase de grupos acabou, sua força o botou na mira dos colegas e, sem alianças, o indígena acabou eliminado no portal.
— O social prejudicou, sim, poderia ter ficado mais se tivesse chegado nas panelinhas, mas o meu jogo não era esse, não seria eu, o Janaron, se eu fizesse de outra forma — confessou, em entrevista à Globo.
Guerra de sexos
Na reta final de No Limite, a briga foi entre homens e mulheres... ou entre panelinhas. De um lado estavam as remanescentes da tribo Sol, que tiveram de escolher quatro pessoas para trocar de grupo nas semanas que antecederam a junção das tribos. Como eram uma aliança, Ninha, Andréa, Tiemi e Flávia escolheram os homens da equipe para se mudaram para a Lua.
Isso acabou respingando no jogo delas quando as tribos se uniram. A panelinha da equipe Lua, formada por Charles, Ipojucan e Victor, acabou "acolhendo" os participantes que jogavam sozinhos e conseguiu reunir os votos deles. Sendo assim, as mulheres foram sendo eliminadas uma a uma.
Como de praxe em No Limite, a última eliminada foi a participante que demonstrava menos habilidade nas provas. Sobrou para Andréa, que acabou ganhando memes por seus fracassos consecutivos.