Embalada por retratar o movimento #MeToo, que estimulou a denúncia de casos de assédio em Hollywood, a série The Morning Show amplia sua proposta na segunda temporada. A produção norte-americana, estrelada por Jennifer Aniston e Reese Witherspoon, traz outras temáticas atuais para dentro da sala de redação nos 10 episódios inéditos, que serão lançados semanalmente no Apple TV+. O primeiro deles foi divulgado nesta sexta-feira (17).
A pandemia, como era esperado, acabou sendo incluída na trama. Dois capítulos da nova fase chegaram a ser gravados, mas as filmagens foram paralisadas devido ao coronavírus. Os roteiristas, então, aproveitaram para reescrever toda a temporada e trouxeram a tensão ao redor da doença, aproximando-se de outros assuntos quentes de 2020, como a cultura do cancelamento e as eleições presidenciais norte-americanas.
No entanto, o desfecho da primeira temporada é amarrado logo no início da fase inédita. Para quem não lembra, Alex (Aniston) e Bradley (Witherspoon) soltaram o verbo ao vivo no programa que apresentam, denunciando as ações abusivas de Mitch Kessler (Steve Carell).
— Nós vimos as dificuldades, as exclusões, a cultura do cancelamento, e está todo mundo meio que carregando a própria parcela de culpa sobre o que permitiu ou não permitiu que acontecesse — contou Jennifer Aniston, em entrevista ao UOL.
Como se não bastasse a rede de segredos que envolve a situação, Alex e Bradley terão um novo desafeto dentro do estúdio. Laura Peterson (Julianna Margulies, de The Good Wife) é uma jornalista da emissora que vai se meter na dinâmica das duas apresentadoras, tentando desmembrar mais detalhes da denúncia.
— Queremos mergulhar em temas complexos e ouvir as conversas que estão acontecendo a portas fechadas, aquelas que as pessoas sentem que não deveriam sequer acontecer. Porque essa é a verdade! Essas conversas estão acontecendo! Retratar essas áreas mais cinzentas, ao invés de ficar apenas no 8 ou 80, define o que o mundo está realmente fazendo com as pessoas — completou Aniston.
Mudanças do mundo
O consumo de noticiários e a forma como eles retratam assuntos polêmicos são outras discussões pertinentes desta nova leva de episódios de The Morning Show. Reese destacou que a produção também se aprofunda em como a sociedade vinha tratando questões de representatividade.
— Lidamos com racismo sistêmico, homofobia, o preconceito por idade e a nova relação das mulheres com o poder dentro das organizações midiáticas. Na nossa cultura, nunca houve um momento de tantas transformações e, ao mesmo tempo, tão imperdoável — refletiu a atriz, também em conversa com o UOL.
Para Aniston, por ter esta conexão com a realidade, o seriado acaba mostrando o quanto o público está mudando sua forma de se informar.
— Antigamente, os noticiários matinais costumavam ser um lugar seguro, mas nos últimos cinco anos parece que a coisa mudou. Eles não podem simplesmente dar notícia, porque de repente estão revirando a sua vida inteira. É muita coisa. Todo mundo quer sangue — finalizou a eterna Rachel de Friends.