Ansiedade, insônia, dificuldade de concentração, sensação de estar fracassando, culpa, esgotamento, cansaço. Pode parecer assustador, mas estes são só alguns dos sintomas que, na atualidade, já se tornaram comuns a muitos indivíduos, que passaram a compartilhar da mesma condição de desgaste coletivo. O fenômeno inconveniente é tema da nova série documental do canal por assinatura GNT, Sociedade do Cansaço, que estreia seu primeiro episódio nesta quarta-feira (22), às 23h30min.
Inspirada no livro homônimo do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, a produção reúne especialistas e personagens reais — como o entregador de aplicativos Paulo “Galo” Lima e a auxiliar de enfermagem Rosana Aparecida Teixeira — para explicar o porquê de as pessoas estarem adoecendo por esgotamento, muitas vezes sem perceber.
— A sociedade do cansaço é essa sociedade que adoeceu e meio que se adaptou a essa doença — explica no primeiro episódio (também disponível no Globoplay) o filósofo Marcio Krauss, autor de Do Mal-Estar em Freud ao Mal-Estar em Bauman.
Parte da explicação passa pelo mundo do trabalho, tema abordado no capítulo de abertura. Flexibilização de leis trabalhistas, advento da informalidade e cobrança social para “alcançar o sucesso” são alguns dos motivos que fizeram com que a atividade profissional deixasse de ser um meio de sobrevivência para se tornar a própria razão de viver.
— Precisamos compreender que o emprego é meramente um meio para atingir um fim, e não um fim em si mesmo — pontua o economista Guy Standing, autor de Precariado: A Nova Classe Perigosa.
O resultado dessa mudança, conforme os especialistas, tende a ser o diagnóstico de transtornos como o burnout e a autocobrança exagerada. Em alguns casos, como o de Rosana Aparecida, o dano pode ser maior: em 2012, a auxiliar de enfermagem sofreu um AVC, e só percebeu quando chegou ao emprego. Impossibilitada de trabalhar, o que ela sentiu foi culpa.
Mais dicas
Reabertura do museu do trabalho
Depois de 19 meses fechado por conta da pandemia, o Museu do Trabalho (Rua dos Andradas, 230) reabre nesta quarta-feira. Entra em cartaz a mostra Um Recorte da Coleção de Gravuras do Mustrab, com obras que fazem parte do acervo do Consórcio de Gravuras, projeto que o Museu promove há 26 anos.
São 16 gravuras, que levam as assinaturas de Alfredo Nicolaiewsky, Carlos Pasquetti, David Ceccon, Elaine Tedesco (autora da obra ao lado), Elida Tessler, Frantz, Hélio Fervenza, Karen Axelrud, Leandro Machado, Lia Menna Barreto, Maria Lúcia Cattani, Marina Camargo, Mário Röhnelt e Regina Silveira.
A exposição fica aberta até o dia 17 de outubro. A visitação é gratuita e pode ser feita de terça a sábado, das 13h30min às 18h30min.
Musical Évora de volta
Um tradicional evento está de volta. A partir desta quarta, o Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n°) voltará a promover o Musical Évora todas as quartas-feiras, às 12h30min, com foco em apresentações de música erudita. O primeiro artista da reestreia é o cravista Fernando Cordella, com o recital A História do Cravo, que ocorrerá excepcionalmente no Foyer Nobre do teatro — as outras apresentações serão na Sala da Música do Multipalco Eva Sopher. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados a partir do meio-dia na bilheteria do Theatro São Pedro.
Noite com as músicas do Queen
O Cinema Especial exibe, na RBS TV, logo após Império, uma das cinebiografias recentes de maior sucesso: Bohemian Rhapsody. A produção traz a trajetória do líder do Queen, com direção de Bryan Singer, voltando às origens de Farrokh Bulsara, jovem da Tanzânia que passa a se chamar Freddie Mercury (Rami Malek) depois de ser descoberto pelo guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor. Por narrar a história de Mercury até metade da década de 1980, o filme acaba focando sua história no relacionamento do vocalista com Mary Austin (Lucy Boynton), considerada pelo cantor como o amor de sua vida e a quem revelou sua homossexualidade.
Cante como uma garota
As relíquias da cena do Riot Grrrl no Brasil, que desembarcou em São Paulo através de fitas K7 vindas dos EUA, estão no documentário Faça Você Mesmo. A produção dirigida por Letícia Marques tem exibição inédita nesta quarta, às 16h45min, no Canal Brasil. O filme reúne entrevistas com integrantes de bandas como Dominatrix, TPM e Hitch Lizard que mostram como aquele movimento foi importante para o feminismo estar em pauta nos dias de hoje.