Heptacampeão da principal categoria do automobilismo, Michael Schumacher é uma lenda. Seu estado de saúde também. Em dezembro de 2013, o ex-piloto de Fórmula-1 sofreu um acidente enquanto esquiava nos Alpes franceses e há anos segue o tratamento em casa. O mistério ao redor da vida do alemão é um dos destaques de Schumacher, documentário inédito que estreia nesta quarta-feira (15) na Netflix.
A produção traz momentos marcantes da carreira do piloto, que disputou 308 corridas entre 1991 e 2012, a maior parte do tempo pela Ferrari, mas com passagens também pela Benetton e a Mercedes. Em vez de enaltecer grandes vitórias, como em outros filmes a respeito de Schumacher, o longa analisa batidas polêmicas e traz entrevistas de grandes nomes das escuderias.
Conforme o trailer revelado no final de agosto, Schumacher também apresenta depoimentos de familiares. A esposa dele, Corinna, o avalia como "extremamente forte", enquanto o filho Mick, que é piloto da F-1 pela Haas, segue inspirado no pai.
— Quando eu olho para ele, eu penso: "Eu quero ser assim" — diz Mick, em um trecho do trailer.
Abaixo, GZH destaca cinco pontos importantes do documentário, conforme noticiado nos sites especializados que já tiveram acesso ao material. Confira:
Depoimentos polêmicos
Entre as entrevistas que o documentário apresenta, estão as de Eddie Irvine, companheiro de equipe entre 1996 e 1999; dos rivais Mika Hakkinen e David Coulthard, que pilotavam pela McLaren quando Schumi brilhava na Ferrari, e Sebastian Vettel, que o sucedeu na escudeira italiana. "Combinando imagens raras de arquivo, eles oferecem uma textura diferente ao filme e engajam perspectivas diferentes, combinando falas de amigos e 'inimigos'", pontuou o site especializado MotorSport.
Uma das falas mais polêmicas do material, no entanto, vem da própria equipe de Schumacher. Segundo o site Grande Premium, em um dos trechos, Jean Todt, chefe da Ferrari nas décadas de 1990 e 2000, revela que cogitou substituir o piloto por conta de seu insucesso nos primeiros anos.
Batidas com Hill e Villeneuve
Em 1994, na última corrida do ano, Schumacher fechou Hill e, com a batida, os dois tiveram de deixar a prova. Por conta da somatória de pontos, o alemão conquistou o título e o ano seguinte da F-1 foi quente. Hill teve a chance de se defender no documentário, em uma análise inédita.
Outra batida polêmica retratada na produção ocorreu em 1997, entre Schumi e Jacques Villeneuve, da Williams, no GP da Europa. O alemão forçou o contato com o canadense, que o ultrapassou, mas acabou saindo da pista e da corrida logo depois. Ainda assim, o ex-piloto Mark Webber e Bernie Ecclestone, antigo CEO da Formula One Management, defendem a postura de Schumacher em seus depoimentos.
Senna
A colisão que acabou provocando a morte de Ayrton Senna, no GP de San Marino de 1994, também tem destaque no documentário. O impacto emocional do acidente fatal em Schumacher acaba mostrando um lado vulnerável dele, de acordo com o site RaceFans. "O que aconteceu com Senna e a notícia de sua morte são sequências poderosas do filme", descreve o portal especializado.
Barrichello e Alonso ignorados
Ao mesmo tempo em que traz falas da família e de pilotos importantes, o documentário ignorou Rubens Barrichello e Fernando Alonso. O brasileiro foi companheiro de Schumacher na Ferrari entre 2000 e 2005, sendo considerado uma peça vital na estratégia da escudeira para a conquista dos títulos do alemão. Ele sequer é citado na produção. Alonso, espanhol que conseguiu colocar um fim na fase de ouro de Schumacher, também não aparece durante o longa.
Estado de saúde
Para falar sobre o estado de saúde do alemão, que é repleto de mistério, o longa se sustenta ao redor da família. Segundo Corinna, "o privado é privado", frase que serve para justificar a postura em relação à falta de atualizações sobre como ele está vivendo. O acidente nos Alpes é recuperado em um depoimento emocionante.
— Foi muita falta de sorte — diz Corinna com lágrimas nos olhos, em um trecho do filme, conforme o site Grande Premium. — Todos sentem falta do Michael, mas o Michael está aqui. Diferente, mas está, e isso nos dá força, eu acho. Estamos juntos. Moramos juntos em casa. Fazemos terapia. Fazemos tudo o possível para que Michael melhore e para garantir que fique confortável.