Menos beijos, mais efeitos especiais. É esta configuração que o espectador começará a assistir Nos Tempos do Imperador, novela das seis que estreia nesta segunda-feira (9), na RBS TV. A trama assinada por Alessandro Marson e Thereza Falcão é a primeira totalmente inédita a estrear na Globo desde o início da pandemia.
Para ir ao ar, a emissora seguiu um rigoroso protocolo sanitário de segurança e um planejamento minucioso de gravações. Antes da interrupção, em março do ano passado, foram realizadas gravações em locações externas na Chapada Diamantina, na Bahia, para as cenas das expedições de Dom Pedro II e Teresa Cristina; e em fazendas em Barra do Piraí e Rio de Flores, no Rio de Janeiro. Lá, em três fazendas, foram gravadas cenas importantes dos núcleos das famílias de Luísa (Mariana Ximenes), Tonico (Alexandre Nero) e Pilar (Gabriela Medvedovski).
Na retomada das gravações, em novembro do ano passado, os atores foram colocados nos estúdios da emissora, seguindo uma série de regras. Além de camarins individuais, os atores perderam algumas interações em cena - alguns beijos e cumprimentos foram cortados - e precisavam se higienizar constantemente - assim como os adereços de cena.
— Em cena, às vezes, alguns objetos como livros, cartas ou mapas passariam pelas mãos de vários personagens. Mantivemos essas cenas, mas mudamos a forma de gravá-las: fazemos com um personagem do elenco por vez e, a cada troca de mãos daquele item, ocorre todo o processo de higienização. Isso torna o processo mais demorado, claro, mas não perdemos em nada ao retratar o que queremos — explica a produtora Flávia Cristófaro, em material de divulgação da Globo.
Em cenas de conflitos armados, como a Guerra do Paraguai, por exemplo, a computação gráfica foi uma aliada: chroma key e efeitos visuais garantiram a multiplicação dos guerreiros. Para compensar, o diretor artístico Vinícius Coimbra acredita que as cenas internas, permeadas por longos diálogos, ficaram mais intensas.
— Passamos a dosar qualquer cena de aproximação, algo só feito quando absolutamente necessário. Começamos a perceber que não precisamos de tanta gente para fazer uma boa cena. Dá para se basear menos no espetáculo visual, e mais na dramaturgia. Numa cena de incêndio, é possível encontrar uma solução com menos dublês. De modo geral, sofremos. Afinal, as pessoas assistem a novelas de época para ver os bailes, as festas... Mas o resultado não foi sacrificado. Perde-se na quantidade de cenas de beijo e de ação, mas ganha-se em outras frentes valiosas — explica Coimbra, ao jornal O Globo.
Assim, cenas que exigem um grande volume de figurantes - como em cassinos e em grandes salões, mostrando festas da época - perderam força. Houve também um cuidado com o corpo de elenco. De acordo com Coimbra, conforme entrevista ao O Globo, uma parte do time mirim foi dispensada, e os atores Vera Holtz e Luís Mello, com comorbidades, substituídos por Valéria Alencar e Clovys Torres, respectivamente.
Outra alteração importante em Nos Tempos do Imperador é a quantidade de capítulos prontos antes de ir ao ar. Segundo Coimbra, 75 episódios dos 155 previstos já estão editados e finalizados. Normalmente, as novelas estreiam com apenas 18 capítulos gravados. Isso foi possível com a mudança no esquema de gravação, em que os atores aproveitavam os cenários para filmar sequências de diferentes capítulos.
Na retomada das filmagens, foram realizados, em média, três capítulos por semana, de diferentes períodos. Normalmente, seriam seis deles prontos em sete dias de filmagem.
— Montamos um roteiro para otimizar a gravação que, às vezes, envolvia 60 capítulos de diferença. Gravávamos o 80 no mesmo dia do capítulo 28. Isso é difícil para os atores, para a direção, para a continuidade de uma maneira geral. Saber o que a pessoa estava sentindo nos capítulos 28 e 80, resgatar a emoção nesse espaço todo de tempo. Há aí uma passagem de oito anos. Isso foi um desafio inédito que os atores estão passando ainda. A gente ainda grava, às vezes, com diferença de 40 capítulos, no mesmo dia, mesmo cenário. Estamos aprendendo a fazer novela dessa forma — explica Coimbra, ao Gshow.