Nesta sexta-feira (19), João Baldasserini se despede de Beto, seu personagem em Haja Coração, no último capítulo da edição especial da trama de 2016. Porém, retorna ao horário das 19h já nesta segunda-feira (22) em Salve-se Quem Puder. No folhetim atual de Daniel Ortiz, o ator dá vida ao caipira Zezinho.
E é justamente em tramas das sete que o artista reúne o maior número de trabalhos em novelas: de sete papéis, cinco foram em enredos exibidos às 19h. Além de Haja Coração e Salve-se Quem Puder, atuou em Tempos Modernos (2010), Pega Pega (2017) e O Tempo Não Para (2018).
Mas sua jornada como ator teve seu primeiro ato no teatro: em 2005, com a peça A Noite na Taverna. No cinema, estreou no filme Linha de Passe, do renomado diretor Walter Salles, em 2008. Depois, trabalhou nos longas Hoje (2011), Quase Samba (2013), Na Quebrada (2014), Apaixonados (2016), Polícia Federal: a Lei É para Todos (2017) e Crô em Família (2019).
Nesta entrevista exclusiva ao DG, o paulistano de 37 anos fala sobre o final da reprise de Haja Coração (que pode ser inédito!), a retomada de Salve-se Quem Puder, como tem sido o período de isolamento social e faz uma reflexão sobre o momento complexo em que vivemos.
Durante a pandemia, o teatro se reinventou na internet, mas ainda busca formas de faturar para auxiliar os profissionais que estão parados. Como você analisa essa questão?
O teatro, na verdade, está sempre se reinventando, isso faz parte do processo da evolução da ciência, da tecnologia e das artes em geral. Se reinventar é estar antenado às necessidades do cotidiano. Nesta época de pandemia, a cultura realmente foi deixada de lado, mais do que já era. Muitos profissionais estão se desdobrando para pagarem as contas, não só os atores, mas os técnicos, os camareiros. Sem dúvida, é necessário mais apoio do Estado para as companhias (de teatro). É preciso fomentar a arte neste momento em que o mundo passa por tragédia atrás de tragédia. É triste assistir ao abandono, por parte dos nossos governantes, da cultura, saúde e educação.
No ano passado, você gravou um final inédito, ao lado de Mariana Ximenes, para a edição especial de Haja Coração. Como foi a captação dessas cenas? Há chance de Beto e Tancinha ficarem juntos desta vez, já que, em 2016, a mocinha teve um final feliz ao lado de Apolo (Malvino Salvador)?
Realmente, gravamos um outro final para o Beto e a Tancinha. Foi muito especial poder reencontrar a Mariana e relembrar essa história que marcou tanto a minha vida. Eu acredito que é possível o final alternativo ir ao ar, mas a emissora não nos garante nada. Pode ser que sim, pode ser que não. Vamos precisar acompanhar até o final para saber.
As gravações de Salve-se Quem Puder já foram finalizadas, e a novela volta ao ar nesta segunda-feira. Como foi atuar cercado por tantos protocolos de segurança?
Foi muito estranho. Na época, estávamos doidos para voltar a trabalhar. Mas com os protocolos de segurança, foi tudo diferente. Mais uma vez, a palavra reinvenção entra em pauta. Fomos aprendendo, descobrindo e, ao mesmo tempo, realizando. Com o distanciamento, o abraço e o contato com o parceiro fazem muita falta. Mas é isso aí: não deixamos a peteca cair. Nos divertimos e trabalhamos para contar a história da melhor maneira possível.
Pode adiantar algo sobre o desfecho da história de Zezinho? O romance com Alexia (Deborah Secco) vai engrenar?
Vai rolar muita ação, cenas de aventura, perseguição, muito romance, muita comédia. O Zezinho merece um final muito legal. Aconselho todos a acompanharem o desfecho desse personagem muito divertido!
Como está sendo a convivência intensa com a família durante o isolamento social? O que começou a fazer ou retomou neste período em que pôde ficar mais em casa?
No início foi bem complicado, um tanto angustiante ter que ficar trancado dentro de casa. Mas com o tempo, a ansiedade baixou e deu para curtir a família muito bem. Pude ficar com o meu filhinho (Heleno, um ano, fruto do casamento com a psicóloga Erica, 30 anos) e curtir muito cada momento dele. Coloquei as leituras em dia, e pude ver algumas séries entre uma troca de fralda e outra (risos).
O que tem feito para manter o equilíbrio neste momento de tanta tensão por conta da pandemia?
Está realmente difícil acompanhar o Brasil: que país confuso, desorganizado, desamparado! Como se já não bastasse a pandemia, temos um desgoverno, pessoas com falta de empatia com o seu povo. Tenho lido alguns romances para poder me desligar e embarcar em histórias que me inspiram e me aliviam.
Qual você acha que será a lição que devemos tirar deste período tão turbulento em que vivemos?
Devemos deixar de ser individualistas e pensar no coletivo, ter compaixão com o próximo e respeito pela vida do outro. Acho que muitos já estão aprendendo o quanto isso é importante. Mas outros, eu vejo que nem sabem o que é realmente o respeito ao próximo.