“Arsène Lupin tem muitos talentos”, destaca a série francesa Lupin, a certa altura do primeiro capítulo. “Ele é um mestre do disfarce. Pode mudar de identidade em um instante.” Disponível desde sexta-feira (8) na Netflix e no topo da lista de obras mais assistidas pelos brasileiros no serviço, a nova produção é uma ode ao gênio do crime criado por Maurice Leblanc em 1905. Uma espécie de anti-herói da literatura francesa, Lupin tem inúmeras aventuras, as primeiras delas publicadas na coletânea O Ladrão de Casaca.
É esta a obra idolatrada por Assane Diop, o protagonista da série, que se inspira no personagem para planejar um grandioso roubo no Museu do Louvre. A empreitada criminosa, no entanto, é só o ponto de partida da história, que logo se desdobra em uma jornada em busca de vingança, à medida que flashbacks revelam as verdadeiras motivações de Assane.
Apesar do passado trágico revelado por essas cenas, a produção mantém um ritmo que mistura mais ação e comédia do que drama. E, tal como nos livros, acaba sendo difícil não torcer pelo trapaceiro, que ainda conta com todo o charme de um Robin Hood parisiense graças à interpretação de Omar Sy (de Intocáveis).
Sherlock
Gênio capaz de entrar ou sair de qualquer situação utilizando seus disfarces e perspicácia, treinado em artes marciais e pelo menos dois passos à frente de todos ao seu redor, Assane parece a resposta da França a Sherlock Holmes. Leblanc reconheceu essa inspiração e escreveu várias aventuras em que Lupin está na mira de Holmes (renomeado Herlock Sholmes nos livros, por questões legais).
Coincidência ou não, a série adota um tom similar à modernização da obra de Conan Doyle feita pela BBC e protagonizada por Benedict Cumberbatch. Nos cinco capítulos que compõem a primeira parte de Lupin, no entanto, há mais atenção a questões urgentes no mundo contemporâneo, como racismo e discriminação contra imigrantes, que a tornam mais atual do que a sua contraparte britânica.