A autora de Harry Potter, J.K Rowling, foi acusada de transfobia inúmeras vezes ao longo do ano. Artistas de todos os tipos têm se posicionado quanto à atitude da escritora e, desta vez, John Cleese, do Monty Python, saiu em sua defesa.
"Caros, eu adicionei meu nome aos signatários da carta em solidariedade a J.K Rowling. Orgulho de estar na distinta companhia de Ian McEwan, Andrew Davies, Frances Welch, Lionel Shriver, Ben Miller, Tom Stoppard, Frances Barber, Griff Rhys-Jones e Matthew d'Ancona", escreveu.
Cleese foi questionado sobre o motivo pelo qual defendia Rowling. O ator, de 81 anos, respondeu com publicações preconceituosas, ao mesmo tempo em que republicava perguntas enviadas para ele na rede social.
Um perfil no Twitter perguntou a ele sobre o motivo pelo qual o ator "não deixa as pessoas serem quem elas querem ser". Cleese, por sua vez, respondeu:
"No fundo, eu quero ser uma policial cambojana. Isso é permitido ou estou sendo irreal?", questionou.
Outro perfil pediu para o astro explicar a opinião dele a partir do posicionamento de Rowling. Contudo, ele respondeu deixando claro que suas preocupações são outras.
"Receio não estar tão interessado em pessoas trans. Só espero que eles estejam felizes e que as pessoas os tratem bem. No momento, estou mais focado nas ameaças à democracia na América, na corrupção desenfreada no Reino Unido, na terrível imprensa britânica, nas revelações sobre a brutalidade policial", escreveu.
A polêmica envolvendo Rowling
Desde junho, J.K. Rowling é alvo de críticas por conta de sua postura, afirmando que mulheres trans não são "verdadeiras mulheres ". Nas próprias palavras de Rowling: "Se o sexo não é real, a realidade vivida das mulheres em todo o mundo é apagada. Conheço e amo pessoas trans, mas apagar o conceito de sexo remove a capacidade de muitos discutirem significativamente suas vidas".
De lá para cá, ela devolveu um prêmio de direitos humanos e outros escritores se recusaram a ter seus nomes associados a Rowling. Até os atores que ganharam fama graças à saga, como Daniel Radcliffe e Emma Watson, se posicionaram contra as ideias da autora.
Em setembro, antes mesmo de Troubled Blood, seu último livro, chegar às bancas, uma crítica adiantada do jornal The Telegraph bastou para acirrar os ânimos.
"A essência do livro é a investigação de um caso arquivado: o desaparecimento de GP Margot Bamborough em 1974, considerada vítima de Dennis Creed, um travesti assassino em série", escreve Jake Kerridge ao periódico. E conclui: "É de se imaginar que os críticos da postura de Rowling sobre as questões trans acharão um livro cuja moral parece ser: nunca confie em um homem em um vestido".
Foi o suficiente para trazer à tona, mais uma vez, as acusações de transfobia contra a escritora.
Vale destacar que, em junho de 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a transexualidade da lista de doenças mentais, afirmando que a situação é resultado apenas de um desacordo entre o gênero de nascimento e aquele com o qual a pessoa se identifica. Ou seja, alguém cresce sabendo que é de outro gênero, mas preso ao corpo errado. Estas pessoas têm o direito de mudar de sexo e obter uma nova identidade, de acordo com sua realidade.