Mais do que marcar presença em papéis de mocinha, Paolla Oliveira é conhecida por viver mulheres fortes na teledramaturgia. É o que pode ser comprovado na reprise de A Força do Querer, novela atualmente em reprise na faixa das nove, na RBS TV, na qual a atriz interpreta Jeiza, policial do Batalhão de Ações com Cães que sonha em se tornar lutadora profissional de MMA.
A personagem da trama de Glória Perez falou alto na primeira exibição do folhetim, em 2017. Antagonista de Bibi Perigosa (Juliana Paes), Jeiza vive seu próprio drama em busca de espaço na polícia. Nos próximos capítulos, a guerra que trava com Bibi deve ficar nítida, ao Jeiza liderar uma operação que prenderá o namorado da estudante de Direito, Rubinho (Emilio Dantas). E o embate ficará à flor da pele quando Jeiza se relacionar com o ex de Bibi, Caio (Rodrigo Lombardi).
Por essas liberdades de escolha, Paolla acredita que a policial acaba sendo uma representação da mulher brasileira:
— Essa mulher, na verdade, está muito mais presente do que a gente imagina. O que mais me transformou foi ser chamada até hoje como major Jeiza, principalmente, por mulheres da polícia. E ela tinha características de mocinha. É legal que a mocinha esteja mudando, mas mantendo seu caráter.
Um dos aspectos que chamaram a atenção na época da estreia da novela — e que deve voltar a ser assunto nas redes sociais — é o fato de Jeiza estar em um ambiente de trabalho masculino. Paolla recorda que, durante a preparação para viver a personagem, houve uma preocupação sobre o quanto ela deveria mudar fisicamente (e no figurino) para interpretar a militar. A atriz encarou aulas de MMA, fez treinamentos em batalhões, mas reforçou a imagem da mulher.
— No início, foi pensado em algo muito mais despojado, mas onde está escrito que o fato dela estar num contexto masculino a obrigava a ser masculinizada? Eu dei a ideia de investirmos nela completamente feminina, uma vez que toda mulher é um conjunto de coisas que ela escolhe ter.
Outro aspecto marcante na trama foram as situações vividas por Jeiza. Desarmar seguranças de bandidos, liderar blitzes e resgatar crianças sequestradas são alguns exemplos do desafio que foi interpretar a policial. Segundo Paolla, os bastidores das gravações foram muito intensos, mas sempre divertidos.
Na época da exibição original da trama, eram veiculadas muitas notícias sobre a morte de profissionais ocorridas em incusões nos morros cariocas — cenário que acabou sendo frequentemente utilizado por Jeiza em A Força do Querer.
— O principal aspecto de subir os morros era estar ali e saber que não era uma ficção. A gente não estava trabalhando só para uma ficção, mas sim para uma realidade que também toma conta da gente. Sempre foi muito intenso e dava um desgaste físico e mental muito grande — recorda.
Mensagem
Temas como feminismo, bullying, vícios e o tráfico de drogas estão em A Força do Querer. Apenas três anos após a estreia da novela, a sensação é de que a trama ficou ainda mais urgente em 2020, já que o país passa um momento “muito turvo”, na opinião de Paolla. Segundo ela, é curioso acompanhar a reprise para comparar e entender se vivemos um momento “para frente” ou “para trás” em diferentes aspectos.
— A luta não para, e sei que a intolerância nunca deixou de existir, mas deveria continuar escondida e sendo um sinônimo de vergonha. Então, temos que ficar torcendo para que as podridões apareçam para que a gente possa ter mais força contra elas — reflete.
Paolla destaca que a novela passou a sua mensagem “da melhor maneira possível naquele momento” e que conseguiu chegar às famílias. Agora, em 2020, sua expectativa é que o público tenha evoluído.
— O tal “querer” é muito bom, mas vale a gente pensar, neste momento, em que os valores estão tão invertidos, o que a gente quer. Para onde vamos? Vale a gente colocar os valores em outros lugares e colocar a nossa “força” onde a gente quer e para onde caminhamos.