As gravações de Salve-se Quem Puder já foram retomadas, mas como a novela só volta ao ar em 2021, uma nova reprise preenche o horário das 19h a partir de hoje. Coincidentemente, Haja Coração (2016) também foi escrita por Daniel Ortiz e dirigida por Fred Mayrink, dupla responsável por Salve-se. Ansiosos por rever a história, parte do elenco, autor e diretor de Haja Coração bateram um papo virtual descontraído com Retratos da Fama.
Sucesso revisitado
Baseada em Sassaricando, sucesso de Silvio de Abreu em 1987, Haja Coração deu nova roupagem a personagens clássicos como Tancinha, Apolo, Beto, Fedora e Teodora Abdala. Responsável pela adaptação, Daniel Ortiz garante que escrever um remake não é tarefa fácil:
— A partir do momento em que você mexeu em um tijolinho, tem que escrever tudo de novo e remontar. Nesse sentido, começar uma trama do zero é bem mais simples do que fazer um remake — explica o autor.
Para os atores, o desafio também é grande. Malvino Salvador conta que tinha lembranças muito fortes de Sassaricando, novela que marcou sua infância. Porém, na hora de construir seu Apolo, preferiu deixar a memória afetiva de lado:
— Eu resolvi não rever nada, me inspirei no texto atual que vinha sendo apresentado e na relação que o Apolo tinha com os outros personagens.
Ajuda preciosa
Mariana Ximenes tinha um obstáculo ainda maior em mãos, já que Claudia Raia, a primeira Tancinha, é uma de suas melhores amigas.
— Foi uma responsabilidade não só profissional, como afetiva. A gente precisava formar uma Tancinha minha, que fosse referente à trama atual, contemporânea — ressalta.
A atriz lembra com carinho uma dica preciosa que recebeu do amigo Jorge Fernando (1955-2019), com quem encontrou nos corredores da Globo, na época:
— Lembro que encontrei com o Jorginho e ele falou: "Mari, coloca a tua verdade, o teu coração, essa é a chave".
E assim, aos poucos, Mariana encontrou o tom. Tanto que, ao longo da história, se confundia com a personagem:
— Às vezes, eu tinha que me lembrar de quem eu era, porque a Tancinha me invadiu de uma maneira, que "eu já me tava me falando assim" – brinca, imitando o típico sotaque paulistano da feirante.
João Baldasserini, sucesso como o atrapalhado Beto, lembra que seu personagem começou como uma espécie de vilão, mas as cenas cômicas tornaram o playboy mais humano e amado pelo público.
— No fundo, pelo fato de ter conhecido o amor, ele consegue se tornar uma pessoa melhor. No mundo de hoje, precisamos de pessoas que tenham capacidade de reconhecer os seus erros. O Beto passou por isso.
O fenômeno "Shirlipe"
Enquanto Apolo e Beto brigavam por Tancinha, outro casal roubou a cena. Sabrina Petraglia e Marcos Pitombo encantaram como Shirlei e Felipe. A história de amor que mais parecia um conto de fadas movimentou fãs nas redes sociais, que seguidamente colocavam a hashtag "Shirlipe" entre os tópicos mais comentados.
— A gente não esperava, foi um susto. Eu não sabia nem se eu estava preparada para aquilo tudo — lembra Sabrina, que reviveria o par romântico com Pitombo em Salve-se Quem Puder, mas precisou se afastar da trama ao engravidar. A atriz, que já é mãe de Gael, um ano, está com sete meses de gestação, à espera de uma menina, que irá se chamar Maya.
O intérprete de Felipe faz coro às palavras da colega:
— Foi uma experiência incrível. É muito gostoso quando a gente começa a ver que o nosso trabalho está tocando o coração das pessoas. Era uma história muito cativante, e a nossa trama foi crescendo.