A partir desta segunda-feira (4), O Clone passa a ser reprisada no Vale a Pena Ver de Novo. Em sua segunda exibição na faixa horária, a novela ambientada no Marrocos guarda algumas curiosidades: ela contou com um concurso de sósia de Murilo Benício no Domingão do Faustão, recebeu elogios do então presidente Fernando Henrique Cardoso pela forma como abordou a questão das drogas e, por pouco, não teve Ivete Sangalo no elenco.
Originalmente exibida entre 1º de outubro de 2001 e 15 de junho de 2002, a trama de Gloria Perez também enfrentou o afastamento de atores do elenco por dengue, além de Débora Falabella, que foi substituída por sua irmã, Cynthia, por conta de uma meningite. Também foi em O Clone a última aparição na TV de nomes como Mário Lago e Osvaldo Sargentelli.
Veja algumas curiosidades da novela que, nesta semana, divide a faixa horária com os últimos capítulos de Ti Ti Ti:
Concurso
Meses antes da estreia da novela, o Domingão do Faustão promoveu um concurso para definir quem seria o "clone" do protagonista, Murilo Benício. A ideia era de que o vencedor atuasse como uma espécie de dublê, aparecendo de costas e sem falas, em cenas nas quais o ator atuasse consigo mesmo, já que interpretaria os gêmeos Lucas e Diogo, além do clone, Léo. O vencedor foi o advogado civil Rafael Mariano, de Santos, então com 24 anos de idade, escolhido "o sósia mais completo de Murilo Benício", em 8 de julho de 2001.
— Mesmo antes desse concurso, algumas vezes fui confundido com o Murilo. Minha mãe soube do concurso e me inscreveu sem o meu conhecimento — contou o vencedor, à época.
Ivete Sangalo
A cantora Ivete Sangalo quase fez parte do elenco de O Clone, em uma participação especial como policial que duraria alguns episódios, a convite da própria autora da novela. Gloria Perez contou ao Estadão que criaria uma personagem para ela, mas ainda não sabia qual. As duas costumavam sair juntas e, certa vez, foram a uma churrascaria com Carolina Dieckmann. À revista Istoé, Ivete Sangalo falou sobre a proposta:
— Gloria Perez me presenteou com o convite no dia do meu aniversário. Não pude recusar. Sou uma cantora fazendo bico como atriz. Não significa que vou arrasar, ganhar prêmios. Tenho tranquilidade para tentar fazer um bom trabalho.
Ela também contava um esboço sobre a personagem que faria em O Clone:
— A única coisa que sei é que serei uma policial durona e gravarei 11 capítulos, a princípio. Mas, se eu for bem ruinzinha, vou morrer logo (risos).
Em setembro, pouco antes da estreia da novela, a Globo contratou Ivete Sangalo, que também poderia ganhar um programa em formato de game show. Pouco antes, ela havia interpretado a personagem Rosália em um episódio do seriado Brava Gente. Ivete Sangalo, porém, precisaria ter sua participação aprovada pelo Sindicato dos Artistas da Bahia, já que não possuía registro profissional, também conhecido como DRT. A aprovação não veio.
Opções de protagonistas
Giovanna Antonelli e Murilo Benício não foram as primeiras escolhas para viver Jade e Lucas na trama. Após ter se destacado em Laços de Família, como Capitu, Giovanna ganhou expressão internamente e foi convidada para viver sua primeira protagonista em uma novela de Gloria Perez. Mesmo assim, para o papel, foram sondadas Letícia Spiller e Ana Paula Arósio. No caso de Benício, Fábio Assunção e Eduardo Moscovis também tiveram seus nomes pensados pela produção.
Gravação em Marrocos
As primeiras cenas da trama foram gravadas em cinco cidades do país africano, em locações como as ruínas do kasbah Ait Ben Hadou, em Ouarzazate, o mercado de camelos de Marrakech, a cisterna portuguesa de El Jadida e a milenar Medina de Fez, que serviu de referência para a cidade cenográfica marroquina nos Estúdios Globo. Ao todo, a equipe ficou 40 dias no Marrocos. As cenas finais, que mostram o desfecho dos personagens Albieri (Juca de Oliveira) e Leo (Murilo Benício), foram gravadas nos Lençóis Maranhenses, representando o deserto do Saara.
Premiada
O Clone foi o único título brasileiro em uma seleção dos principais programas da televisão nos últimos 50 anos feita pela The WIT, empresa especializada em rastrear o mundo em busca de tendências de conteúdo de televisão e programação digital, em Cannes, na França, onde aparece como a melhor produção de 2001. A obra também conquistou três categorias do Prêmio Inte (Indústria de la Televisión em Español), considerado um dos mais importantes do mercado latino: melhor novela, melhor autora e melhor atriz com Giovanna Antonelli. No Brasil, Eliane Giardini recebeu o prêmio de melhor atriz por sua interpretação da muçulmana Nazira, e Sthefany Brito, o prêmio de revelação pelo papel de Yasmin, em 2002, pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Exportada
Além do sucesso no Brasil, a novela foi vendida para mais de cem países, incluindo Argentina, Chile, Colômbia, El Salvador, Moçambique, Peru e Romênia. Foi recorde de audiência no Kosovo e sucesso em Sérvia, Rússia e Albânia. Veja uma chamada da novela veiculada na Rússia:
Efeitos especiais
Os produtores da novela utilizaram um software canadense para realizar a duplicação de Lucas, mas em muitos casos foi preciso inserir, quadro a quadro, pedaços de uma imagem em outra. Seguindo uma marcação pré-definida, o ator gravava duas vezes a mesma sequência, como Diogo e como Lucas, ou como Lucas e Léo, tendo o mesmo cenário ao fundo, e as sequências gravadas eram “recortadas” e fundidas, formando uma só. Nas cenas em que os personagens interagiam fisicamente – como um irmão mexendo no cabelo do outro –, o trabalho exigia a participação de um dublê. A computação gráfica também foi usada nas cenas em que Lucas, Diogo e Albieri (Juca de Oliveira) visitam o Egito. O cenário era virtual, já que a equipe não viajou para aquele país.
Figurino
Cerca de 700 peças do figurino foram compradas no Marrocos, entre túnicas masculinas e femininas, pares de babouches (sapatinhos confortáveis de sola baixa) e joias (colares, pulseiras, brincos e anéis, de prata ou banhados a ouro). O vestido de casamento de Latiffa (Letícia Sabatella), por exemplo, foi adquirido em Fez e foi um dos destaques da gravação da cerimônia, que contou com a participação do músico árabe Tony Mouzayek e da bailarina Iriane Martins, que fez uma apresentação de dança do ventre.