O isolamento social serviu para muita gente colocar leituras em dia, reorganizar as gavetas e até para trabalhar muito mais. Mas para Bruno Mazzeo e sua mulher, a diretora Joana Jabace, o período foi sinônimo de transformar a própria sala de estar em um loft para o protagonista do seriado Diário de Um Confinado, que estreia nesta sexta-feira (26) no Globoplay.
A dupla realizou toda a série a distância. A ideia foi apresentada para a Globo no início da quarentena. Entre o brainstorming e o lançamento dos 10 episódios — que também serão transmitidos a partir da semana que vem na TV aberta —, foram apenas 90 dias.
— Estou orgulhoso independentemente do resultado. A dramaturgia vai sofrer alterações, e a arte vai se reinventando conforme a época. No nosso caso, foi tudo feito em casa. Escrevia uma cena 12h e, quatro horas depois, já estávamos gravando — conta Mazzeo, em entrevista por videoconferência a GaúchaZH.
Afinal, Diário de Um Confinado fala sobre um cenário emergente e atual: os causos do solteirão Murilo (Mazzeo), de classe média do Rio de Janeiro, que vive em isolamento em seu pequeno apartamento. Não é feita menção à pandemia, mas tudo o que ele faz gira em torno de um contexto social que não o deixa sair de casa.
As dificuldades de uma faxina, encarar um encontro por videochamada e pedir pizza são algumas das situações vividas pelo protagonista, brincando justamente com o fato de ele estar sozinho.
— A comédia vem naturalmente da tragédia, eu sempre digo isso. A minha criação vem de um grande drama que é essa situação, desde o surgimento de novos chefs na quarentena a pessoas que começaram a malhar sem parar — conta Mazzeo, que roteirizou o seriado com o auxílio de amigos e memes nas redes sociais, e foi dirigido em cena por Joana.
Participações
Felizmente, a série vai muito além das situações vividas por Murilo dentro de casa. As interações dele com o mundo — mesmo que por videochamada — são com a tia, a mãe e o médico. Em alguns momentos, cruza com ninguém menos que Debora Bloch no hall do prédio. Na vida real, a atriz é vizinha do casal.
Além dela, grandes nomes como Arlete Salles, Fernanda Torres, Lázaro Ramos, Lúcio Mauro Filho e Renata Sorrah também participam de Diário de Um Confinado. Todos os artistas toparam participar do elenco, mesmo que remotamente, sem ressalvas.
— Todos eles aceitaram entrar na brincadeira por sermos muito próximos. Rolaram algumas leituras por videoconferência e, algumas vezes, tem o delay, corta o som e fomos percebendo maneiras de compensar isso com as atuações deles. Por sorte, temos amigos muito talentosos — brinca Mazzeo.
Como se trata de um fiel retrato do isolamento social, Joana acredita que seja difícil prever a vida útil da série.
— A gente tentou fazer uma dramaturgia que não ficasse restrita ao computador, tem um baita universo desse personagem que é ele na casa dele. Mas, de verdade, não sei o quanto vamos querer ver essa coisa de o personagem se relacionar através das telas — finaliza Joana.