Em agosto de 2003, o nome do brasileiro Sergio Vieira de Mello estampou o noticiário internacional. Diplomata da ONU, ele foi uma das 22 vítimas do atentado terrorista à sede da organização mundial em Bagdá, no Iraque, no período em que busca interceder no campo político para solucionar a instabilidade política e social que o país enfrentava.
Considerado um provável sucessor do secretário-geral na ONU à época, Kofi Annan, o brasileiro é temas de Sergio, filme que estreia nesta sexta-feira (17) na Netflix, com Wagner Moura no papel principal. Dirigido por Greg Barker, o longa-metragem se aprofunda nos últimos anos de vida do brasileiro e em seu relacionamento com a argentina Carolina Larriera (Ana de Armas).
Em entrevista por telefone a GaúchaZH, Wagner Moura e Ana de Armas falam sobre o filme e a importância de se conhecer o diplomata.
A autora da biografia mais conhecida de Sergio, Samantha Power, escreveu que ele pode ser considerado um cruzamento entre James Bond e Bobby Kennedy. Vocês concordam com isso?
Wagner: Acho que a Ana pode falar melhor sobre James Bond do que eu (risos) [Ana de Armas será a próxima Bond girl nos cinemas, com estreia prevista para novembro deste ano]
Ana: Acredito que sim (risos) Eu gosto dessa percepção do filme como um todo em que as pessoas ainda hoje, seja quando estávamos na Tailândia, na Jordânia ou especialmente no Rio, todos tinham uma história sobre Sergio. Todos conheciam ele. Ainda hoje, as mulheres falam sobre Sergio de um jeito de flerte como se o amassem. Ele era muito, muito carismático e usou isso em suas missões. Ele tinha uma enorme empatia e compaixão e eu sinto que as pessoas sabiam disso. No fim, acho que ele era mais corajoso do que James Bond. Ele não tinha todas as armas e tecnologia moderna para se proteger. Ele estava lá fora no campo e cuidando das pessoas necessitadas e tentando fazer, você sabe, a paz.
Wagner: Acho que é bem por aí. Não pensava em James Bond quando estava trabalhando no personagem. Mas eu lembro que havia uma coisa do 007, dessa parte do poder, e o Sergio era um cara único. Ele tinha uma formação intelectual muito, muito boa, quando ele estudou na Sorbonne. Foi formado nos campos da Agência das Nações Unidas para a Refugiados. Então, ao mesmo tempo, ele tinha a coisa intelectual, mas também era um homem do campo. Aí vejo a comparação com James Bond. Mas Sergio é mais como meu tipo de personagem.
Qual é a principal mensagem do filme?
Wagner: Bem, acho, honestamente, que se eu pudesse resumir o que é o filme, diria que é um filme sobre empatia, valor em absoluta falta em alguns líderes mundiais hoje em dia. E Sergio tinha isso, muito. Mas era um homem muito complicado, como o James Bond tentando salvar o mundo. Teve uma vida complicada, mas realmente encontrou na Carolina algum tipo de equilíbrio pessoal. Ele se recusou a ir ao Iraque quatro vezes, até ser convencido por George W. Bush. Isso é uma coisa muito forte para mim, porque todos queremos alcançar as coisas. Mas, em algum momento, especialmente em um momento como esse dessa pandemia, você tem que pensar sobre o que é realmente importante, o que realmente importa em sua vida. E ele pensou muito nisso, principalmente depois que conheceu Carolina.
Ana: Sim, eu diria que definitivamente é através da Carolina que Sergio começa a mudar. Você vê o amor deles ganhar vida. É um drama político, mas também é uma história de amor. Ele era um homem que foi muito motivado por seu trabalho, queria estar lá fora no campo e arriscar tudo. No filme, vemos o quanto isso afeta as pessoas. Mas o encontro dos dois forma uma rede de apoio mútuos. Foi uma ótima história de amor, muito honesta e muito bonita.
Wagner: E trágica.
Ana: E trágico. Sim, mas eles eram ótimos parceiros.
Wagner: Sim.