Um conjunto de templos e palácios se ergue sobre uma planície pantanosa rodeada de vulcões, na região central do México. Muralhas coloridas separam o complexo de choupanas simples, à beira de uma rede de canais. Uma espécie de altar feito de crânios indica: ali são feitos sacrifícios humanos.
Os crânios são falsos, assim como toda a cidade. Ela é uma réplica em escala menor de Tenochtitlán, a antiga capital dos astecas. Foi construída num terreno de 22 mil metros quadrados próxima a Xochimilco, ao sul da Cidade do México -a apenas alguns quilômetros do sítio original. Trata-se, na verdade, um dos principais cenários da série Hernán: O Conquistador, que está disponível na Amazon Prime Video e estreia neste domingo (22), às 19h55min, no canal History.
– Já tivemos seriados sobre Napoleão, sobre Marco Polo... Estava na hora de falarmos sobre Hernán Cortés. Ele é um personagem controverso tanto no México quanto na Espanha, e queremos humanizá-lo – diz Fidela Navarro, sócia da produtora Dopamine, uma das responsáveis por Hernán.
Vindo de Cuba, o espanhol Hernán Cortés desembarcou na costa oriental do que hoje é o México em 1519, liderando um pequeno grupo de homens. Dois anos depois, haviam derrubado o poderoso império asteca e reclamado mais um território para o rei Carlos 5º.
Cortés contava com armas de fogo e cavalos (ou "veados sem chifres", como diziam os indígenas). Mas sua maior vantagem talvez tenha sido sua habilidade em tecer alianças com diversas tribos, interessadas em se livrar do jugo sanguinário dos astecas.
– Este é o primeiro momento de mestiçagem nas Américas. Colombo e Pizarro (conquistador do Peru) optaram por escravizar os povos americanos. Não estavam interessados em se misturar com eles. Cortés e seus homens tiveram filhos com mulheres indígenas, dando início ao México de hoje – afirma o historiador César Moheno, que serviu de consultor aos roteiristas da série.
Hernán: o Conquistador é uma superprodução hispano-mexicana e teve cenas rodadas nos dois países. Com orçamento mediano para os padrões de Hollywood – cada episódio custou cerca de US$ 500 mil (cerca de R$ 2,5 milhões)-, é o projeto de maior envergadura jamais rodado na América Latina.
Cada um dos oito episódios da primeira temporada é contado do ponto de vista de um dos personagens principais: o próprio Cortés; a índia Malinche, rebatizada de Marina, que serviu de tradutora para os invasores; o imperador asteca Moctecuzoma (ou Montezuma, como diziam os espanhóis) e assim por diante.
Os produtores não escondem a pretensão de criar uma versão hispânica de Game of Thrones. Convocaram até mesmo uma das produtoras de efeitos especiais do programa da HBO, a espanhola El Ranchito. Mas não há dragões ou seres fantásticos, embora os astecas acreditassem que os homens brancos fossem vingadores enviados pelo deus Quetzálcoatl.
O elenco multinacional é encabeçado pelo espanhol Óscar Jaenada, que encarna Cortés.
– Com tantos anos de carreira, eu já tinha experiência com cenas de batalha. Mas os astecas guerreavam de maneira diferente: interrompiam os combates ao crepúsculo. Para eles, lutar era prestar homenagem ao deus-sol. Também procuravam não matar os inimigos e sim capturá-los para, depois, sacrificá-los. Os espanhóis se aproveitaram de tudo isso.
Alguns episódios são quase inteiramente falados em náhuatl, a língua dos astecas, ou em um dialeto maia. Apesar de ainda serem usados em alguns lugares do México, esses idiomas precisaram ser ensinados aos atores de origem indígena. Entre eles está Jorge Antonio Guerrero, que fez o namorado da protagonista de Roma. Aqui, ele interpreta o cacique Xicoténcatl.
A primeira temporada de Hernán: O Conquistador termina com a chamada "noche triste", quando os espanhóis foram expulsos de Tenochtitlán. Eles voltaram, como se sabe: a segunda e última temporada, com mais oito episódios, conta a derrocada final dos astecas. Deve estrear no exterior até o começo de 2021, o ano que marca o quinto centenário da conquista do México.
Hernán: O Conquistador
Onde: History ou Amazon Prime Vídeo (sem legendas ou dublagem em português).
Classificação: 16 anos.