Exaurida física e emocionalmente, grata e com a sensação de dever cumprido. É assim que Juliana Paes, 40 anos, protagonista de A Dona do Pedaço, diz estar se sentindo na reta final da novela, que termina em 22 de novembro, e será substituída por Amor de Mãe, na Globo.
— As sequências que finalizam a história exigem muito de nós. É muito texto para decorar e muita emoção para dar conta. Mas, ao mesmo tempo, existe uma sensação de plenitude — diz a atriz.
Com 19 anos de carreira, Juliana afirma que a boleira talvez tenha sido sua personagem mais próxima do povo brasileiro. Segundo a atriz, Maria da Paz é acarinhada por um público variado, de diferentes idades, classes sociais, sexos e raças.
— Tinha a missão de fazer uma mocinha que fosse querida. Isso é difícil hoje em dia, em um momento em que o brasileiro ama amar os vilões. Sinto que cumpri o desafio — afirma. — Quis fazer uma pessoa para cima e não muito chorona. Sabe aquele choro preso na garganta? Tentei trabalhar isso.
Mesmo cega diante das atrocidades cometidas pela filha Jô (Agatha Moreira), Juliana diz que o público torceu pela boleira, e que a personagem ganhou contornos que transcendem as telinhas.
— Maria da Paz vai além do que a novela conta. É um comportamento, um jeito de ser positivo, do bem, que sempre acolhe as pessoas, que não tem preconceito. Já me peguei refletindo sobre a minha vida e pensando o que a Maria da Paz faria no meu lugar. Ela se tornou inspiração para muita gente.
Durante a trama, houve especulações de que Joana (Bruna Hamú) era a verdadeira filha de Maria da Paz, e que Jô teria outra mãe - o que não se concretizou. A atriz afirma que uma parte de si torcia para que a namorada de Rock (Caio Castro) fosse mesmo uma filha perdida da boleira:
— Seria uma alegria para Maria da Paz ter uma filha consanguínea que tivesse esse amor e essa admiração pela mãe. Por outro lado, acho importante trazer o entendimento para o grande público de que bons pais, boa criação, pode gerar frutos ruins.
E emenda:
— Maria da Paz fica buscando onde errou. E sei que essa é a dor de muitas mães por esse Brasil, que fazem tudo pelos filhos e mesmo assim eles se desviam de várias formas. Essa mensagem é importante. Os indivíduos escolhem seus próprios caminhos independentemente de quem os criou.
Quando o assunto é a disputa entre Régis (Reynaldo Gianecchini) e Amadeu (Marcos Palmeira) pelo coração da protagonista, ela se esquiva.
— Sou a única desse elenco que não posso declarar voto com quem a Maria da Paz deve ficar. Estou isentinha (risos).