Hoje é o dia dela! Fernanda Montenegro completa 90 anos nesta quarta-feira com muitos motivos para comemorar. Unanimidade no meio artístico, coleciona trabalhos memoráveis na TV, teatro e cinema. Foi a primeira brasileira indicada ao Oscar de melhor atriz — por Central do Brasil, em 1998 — e também a única atriz do Brasil a ser premiada no Emmy Internacional.
Não há trabalho pequeno ou de pouca repercussão para Fernandona. Costumo dizer que vale a pena parar para ouvi-la até lendo receita de bolo, e não é exagero. Na difícil tarefa de selecionar apenas 9 trabalhos marcantes na TV, percebi algumas produções que não tiveram uma repercussão tão grande de público e crítica, mas ao aparecer em cena, Fernanda brilhou, como sempre.
A DONA DO PEDAÇO (2019)
Bastaram alguns capítulos para Fernanda Montenegro roubar a cena. Na primeira fase de A Dona do Pedaço, surpreendeu o público na pele de Dulce, uma vovó matadora. Ninguém imaginou que a doce velhinha empunharia um revólver, promoveria uma chacina na família rival, e ainda colocaria fogo na casa — tudo isso ferida mortalmente pela artilharia inimiga.
O OUTRO LADO DO PARAÍSO (2017)
Em uma trama repleta de personagens dúbios e até mesmo cruéis, Mercedes era um respiro de sabedoria. Ao lado de Lima Duarte, intérprete de Josafá, Fernanda fez de cada cena um espetáculo. Não à toa, foi dela a sequência final da novela, em uma mistura de ficção e realidade, que mostrava o desmanche do cenário, enquanto ali, só a figura da atriz se destacava.
BABILÔNIA (2015)
Para quem achou que já havia assistido a todas as facetas de Fernanda Montenegro, mais uma surpresa — e muita polêmica. Na trama, ela viveu Teresa, casada há muitos anos com Estela (Nathalia Timberg). Beirando os 90 anos, as duas quebraram um tabu ao protagonizarem cenas de beijo que deram o que falar. Críticas à parte, foi um marco na história da teledramaturgia.
DOCE DE MÃE (2012 e 2014)
Nada de grande produção, efeitos especiais, história ousada ou impactante. Doce de Mãe primava pela simplicidade ao apresentar ao público a apaixonante Dona Picucha, uma senhora de 90 anos que aprontava feito criança, deixando os filhos e netos de cabelos em pé. A interpretação humana e realista de Fernanda lhe rendeu um Emmy, o Oscar da TV mundial.
BELÍSSIMA (2005)
Entre as vilãs mais marcantes da teledramaturgia, está a cruel Bia Falcão. Fria, manipuladora e preconceituosa, não admitia a fraqueza das pessoas que a rodeavam. Quem mais sofria era a neta Julia (Gloria Pires), alvo de armações e intrigas da megera. Mas, diante do poder e do carisma de Fernanda Montenegro, Bia escapou ilesa no final da trama, com direito a final feliz, na França, com o bonitão Matheus (Cauã Reymond).
O AUTO DA COMPADECIDA (1999)
Filme que virou série para a TV, a produção baseada na obra de Ariano Suassuna tinha um elenco estelar, atuações inesquecíveis e falas que até hoje estão na memória do público. Eis que no meio das confusões dessa história surge Nossa Senhora, que não poderia ser mais ninguém que não Fernandona, em uma participação pequena, mas fundamental.
ZAZÁ (1997)
Poucos devem se lembrar desta novela das 19h, que tinha como protagonista a fictícia filha de Santos Dumont, Zazá. Fernanda Montenegro mergulhou de cabeça nas maluquices da história e salvou uma trama que tinha tudo para dar errado.
RENASCER (1993)
Uma das primeiras lembranças que tenho de Fernanda Montenegro na TV é de uma personagem que apareceu em poucos capítulos, mas o tempo suficiente para se tornar inesquecível na minha memória afetiva. Em Renascer, Jacutinga foi como um anjo da guarda para a ingênua Maria Santa (Patrícia França), que viu na cafetina a figura materna de que precisava nos momentos difíceis. Foi da personagem de Fernanda a missão de trazer ao mundo os quatro filhos de Maria Santa e José Inocêncio (Leonardo Vieira), com destaque para a tragédia no nascimento do caçula, João Pedro.
GUERRA DOS SEXOS (1983)
Vale lembrar de uma novela exibida antes de eu nascer? No caso, vale, pois a cena em questão é tão marcante que até mesmo quem não a assistiu, na época, conhece de cor. Na primeira versão de Guerra dos Sexos, Fernanda Montenegro e Paulo Autran tiveram momentos de comédia pastelão na pele de Charlô e Otávio, os primos que se amavam e odiavam ao mesmo tempo. Silvio de Abreu ousou ao escrever a cena para os dois mestres da dramaturgia. E a dupla não se fez de rogada, pelo contrário, mostrou ter se divertido bastante nas gravações.