“Nolite te bastardes carborundorum” (“Não deixe que os bastardos te reduzam a cinzas”). O título do quarto episódio da primeira temporada de The Handmaid’s Tale (O Conto da Aia) faz ainda mais sentido para a terceira fase do seriado, que estreia oficialmente no Brasil neste fim de semana. Após ser liberada via streaming no Paramount+, na metade de junho, agora o canal pago Paramount exibirá os novos episódios aos domingos, às 20h. Indicada a mais de 20 Emmys, a produção norte-americana se tornou um símbolo da resistência ao totalitarismo e do feminismo na cultura pop.
Neste terceiro ano, apesar de ressalvas da crítica especializada, The Handmaid’s Tale coloca as mulheres finalmente como objetos de luta. A trama, baseada na obra homônima da canadense Margaret Atwood, apresenta a sociedade em um futuro distópico em que elas são meros objetos reprodutores, as chamadas aias. Na primeira temporada, esse cenário é centralizado em Offred (Elizabeth Moss), que se chamava June anteriormente, como a aia da família de Fred Waterford (Joseph Fiennes). Apesar do cenário desesperançoso e de total truculência militar, a protagonista vive com a preocupação em reencontrar sua filha Hannah (Jordana Blake), da qual foi separada nos primeiros capítulos.
No segundo ano, o seriado evoluiu no discurso, com um pouco mais de liberdade em relação à obra literária: todo o livro de Atwood já foi transposto anteriormente para a TV, com a exceção do epílogo que mostra a queda de Gilead, o país ditatorial em que se passa a história. No capítulo final, a mulher do comandante Fred, Joy Serena (Yvonne Strahovski), ajuda na fuga de Emily (Alexis Bledel), uma das aias, para o Canadá. Emily leva no colo o bebê recém-nascido de Offred. Esta, por sua vez, optou por ficar presa ao seu senhorio para encontrar sua filha desaparecida.
Aproveitando a tensão, a terceira fase inicia minutos após a temporada anterior e abraça a importância da revolução. Entendendo melhor a mecânica da sociedade, Offred decide formar um movimento com as aias e lutar por Hannah. Em um dos teasers divulgados, é possível ver um grande batalhão de mulheres com as conhecidas vestes vermelhas, em frente ao obelisco turístico de Washington.
Realidade
O terceiro ano de The Handmaid’s Tale, ao contrário das fases anteriores, dividiu a opinião dos críticos e de espectadores. Nas redes sociais, muitos usuários se questionaram a respeito dos limites com o tema, já que se trata de um futuro distópico, e o quanto a produção optou por alongar algumas tramas a fim de ganhar novas temporadas. Esse desejo é claro e já teve uma resposta dada pelo Hulu, plataforma norte-americana responsável pela série: uma quarta temporada começará a ser gravada no ano que vem.
Os jornais americanos, no entanto, foram mais céticos e diretos em suas ponderações. O USA Today, diante dos seis primeiros episódios desta fase inédita, disse que o fato da série não ter mais uma obra literária como base transformou o discurso em algo arrastado. “Não há história suficiente para ser divulgada e quanto mais a série mergulha na burocracia e cultura de Gilead (incluindo uma excursão a Washington), mais as rachaduras na construção do mundo começam a aparecer. June pode até ter algo pelo que brigar neste ano, mas eu me pergunto o quanto de seu conto ainda há para ser contado”, escreveu o tabloide.
Apesar de considerar a evolução em alguns aspectos, o jornal Entertainment Weekly questionou o quanto June conseguirá comandar a frente de oposição. “June e a série que ela lidera estão presas em um ciclo sombrio de sofrimento combativo, trabalhando cada vez mais para um futuro que fica cada vez mais fora de alcance”, apontou.
Mesmo com ressalvas, o fato é que The Handmaid’s Tale retrata tempos sombrios que, inacreditavelmente, parecem estar cada vez mais próximos da nossa realidade.
> THE HANDMAID’S TALE
3ª TEMPORADA
Domingos, às 20h, no Paramount Channel