O contraste entre a fé e a criminalidade, presente em favelas brasileiras, faz parte da vida de Konrad Dantas, o KondZilla, desde a infância. Agora, aos 30 anos, ele é dono do maior canal do mundo no YouTube totalmente dedicado à música (mais de 50 milhões de inscritos) e decidiu falar sobre suas raízes em Sintonia, série de ficção com seis episódios que estreia neste fim de semana na Netflix.
– Eu queria que as pessoas que já são meu público se sentissem representadas ao ponto de poderem dizer: “Putz, ali sou eu, é meu tio, é meu primo, é minha vizinha, é meu amigo...”. Queria que eles olhassem e dissessem: “Isso aqui é real!” – explica o artista.
A julgar pelos três primeiros episódios disponibilizados à imprensa, a proposta foi atingida com sucesso. Para contar sua história, KondZilla apresenta em Sintonia um trio de amigos moradores da periferia de São Paulo: Doni (MC Jottapê) quer se tornar um famoso cantor de funk e lida com as cobranças da família para construir uma carreira profissional; a camelô Rita (Bruna Mascarenhas) sonha com dias melhores encarando o universo financeiro e espiritual de uma igreja evangélica da comunidade; e o traficante Nando (Christian Malheiros) deseja crescer no mundo do crime a fim de garantir uma vida mais confortável para seu filho recém-nascido.
O elenco e o roteiro, por exemplo, foram trabalhados com atores formados dentro de um presídio paulistano.
– Os ex-detentos foram muito comprometidos e, apesar dos temas densos, o processo foi muito leve e divertido. Conseguimos trazer um tom real sem grandes distanciamentos – detalha o preparador de elenco Marcio Mehiel.
Com trilha sonora assinada pelo próprio KondZilla, Sintonia também traz o funk para o cenro do debate, sobretudo a respeito dos direitos autorais das canções. Somente por essa questão, o seriado já vale por sua coragem e fiel retrato do Brasil.