Em julho de 2018, a ONG Global Witness publicou um dado alarmante. Pelo segundo ano seguido, o Brasil liderava o ranking de países que mais matam ativistas ambientais, com 57 mortes registradas em 2017. Esta é uma questão central de Aruanas, nova série da plataforma de streaming Globoplay que estreia oficialmente nesta terça-feira no Brasil e em mais de 150 países (com legendas em 11 idiomas). Nesta quarta-feira, a Globo exibirá o primeiro capítulo em horário especial, após Cine Holliúdy.
Para discutir o tema, a trama assinada por Marcos Nisti e Estela Renner busca alertar para a iminente crise ambiental e a importância de se ter pessoas engajadas na luta contra empresas que deterioram os meios naturais. Para isso, centraliza sua história na cidade fictícia de Cari, no interior do Amazonas.
— Nada mais representativo do que a Amazônia, que reverbera no mundo todo, tem a maior concentração de biodiversidade e sofre com a ganância humana. A série é um estímulo para que as pessoas passem a ver a Amazônia com outros olhos — explica a Zero Hora o diretor Marcos Nisti.
O projeto todo se preocupa com o futuro da biodiversidade. Apesar de ser um roteiro livremente inspirado em fatos reais, o texto teve parceria técnica do Greenpeace e 28 ONGs de atuação internacional. Além da plataforma da Globo, os episódios serão publicados em aruanas.tv, atrelados a um site de vídeos que irá monetizar as visualizações. De julho a outubro, 50% das vendas serão doadas para uma iniciativa de proteção da floresta amazônica.
Aruanas é centrada em três mulheres militantes desde a adolescência, cada uma ao seu modo. As amigas de infância Natalie (Débora Falabella), Luiza (Leandra Leal) e Verônica (Taís Araujo) lutaram pela preservação de uma praça quando tinham 13 anos e, adultas, recebem um pedido de socorro no Amazonas.
Uma série de evidências mostra que elas lutarão contra garimpos ilegais que estão interligados a uma renomada mineradora nacional, além de assassinatos e ameaças a povos indígenas da região. Ao mesmo tempo, o trio de mulheres viverá dilemas pessoais, como adultério, traição de amizade e briga judicial por guarda de filho.
Quatro mulheres e uma preocupação
Além das três protagonistas, a estagiária Clara (Thainá Duarte) representa a nova geração de ativistas. Cheia de sonhos, ela fugiu de sua cidade natal no interior de São Paulo, onde vivia um relacionamento abusivo com Ramiro (Rafael Primot), e entra na ONG para evoluir também como mulher.
Os vilões de Aruanas interligam negócios e política. Miguel Kiriakos (Luiz Carlos Vasconcelos) herdou os negócios de seu pai em garimpos e, muito ambicioso, lidera os trabalhos da mineradora KM na Amazônia. Seu trabalho terá suporte de Olga (Camila Pitanga), reconhecida lobista em Brasília especializada em interesses de empresas que pouco ligam para o meio ambiente. Sua missão é facilitar a emissão de um decreto de extinção de uma reserva indígena, para então promover a exploração do lugar de forma legal.
Para Estela Renner, que divide a direção com Marcos Nisti, Aruanas busca refletir exatamente sobre as figuras que se preocupam com o aquecimento global e que se propõem a lutar pelo interesse coletivo à frente de seu conforto pessoal:
— Um ativista é um ser muito especial e raro. Matá-los realmente tem efeito de contenção e manutenção do status quo. Por isso, esta série é tão especial para mim. Estar nela é estar com todos os ativistas que já morreram. É assumir a sua voz, é continuar.
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Aruanas
1ª temporada disponível no Globoplay. Exibição especial na TV Globo nesta quarta-feira na Sessão Globoplay, após Cine Holliúdy.