Respirar debaixo d’água e força de um caminhão nos braços são superpoderes mais do que comuns entre heróis de histórias em quadrinhos. No entanto, ter pequenos desejos íntimos virando realidade e alterando o destino do mundo, viajar no tempo por 10 anos e retornar à origem ou conversar com mortos são capacidades ainda pouco exploradas por super-heróis. Essas são algumas das inovações dos protagonistas de The Umbrella Academy, seriado da Netflix que estreia na próxima sexta-feira (15).
A história de origem da trupe de seis heróis também é bem diferente. Em outubro de 1989, 43 bebês nascem de mães que não estavam grávidas – crianças que apenas vieram ao mundo, sem gestação e aviso prévio. Em um lance inesperado, um industrial bilionário, Reginald Hargreaves (Colm Feore), adota algumas dessas crianças com habilidades especiais para formar uma equipe de heróis.
Na série, a trama se desenrola quando seis dos superdotados – que se separaram com o passar dos anos – precisam se reencontrar após a morte do pai adotivo. O clima esquenta ao perceberem que, na reunião familiar, terão que juntar suas capacidades para salvar o planeta de um cenário apocalíptico. Isso sem falar na missão de descobrir a real causa de morte de Hargreaves.
Em seus quatro primeiros episódios, o seriado tem um clima fantasmagórico e um ritmo acelerado. Sobretudo, a energia do elenco – vista também na entrevista coletiva concedida em São Paulo, durante a CCXP, em dezembro – torna a história mais interessante.
Salvadores do planeta
The Umbrella Academy adapta a HQ criada por Gerard Way (ex-vocalista da banda My Chemical Romance) e ilustrada pelo brasileiro Gabriel Bá, vencedor do prêmio Eisner (o Oscar dos quadrinhos) em 2011 e 2016. Apesar de ter morrido, a sensação é de que Hargreaves é o grande vilão do seriado – até por ser um pai ausente.
– Sei que ele é abusivo, fez os filhos passarem por momentos difíceis, mas nunca o vi como um vilão, e sim alguém que estava fazendo algo para um bem maior. Isso tudo, infelizmente, causou um mal para as crianças – acredita Gerard Way.
A trama também serviu como lição de vida para Emmy Raver-Lampman, intérprete de Alison, uma atriz conceituada de Hollywood com o poder de ver suas palavras mudando o curso do mundo ao seu redor:
– Ela tem a influência e o poder de decidir sobre pequenas coisas. Com a personagem, percebi o quanto somos influentes em nossos próprios destinos. Refleti muito sobre a importância de decidir coisas que faço na minha vida.
Nome mais conhecido do elenco, Ellen Page, que vive a heroína número 6 e tem seu poder especial revelado no decorrer dos capítulos, acredita que o seriado da Netflix faz uma reflexão a respeito da sociedade como um todo:
– Não é só uma história sobre se colocar em perigo, mas sim sobre como eles usam os poderes para ajudar o mundo, como são obrigados a se unir para ajudar. É disso que precisamos em nossa realidade, ainda mais agora que vemos um planeta tão dividido.