Durante a Comic Con Experience (CCXP), realizada em São Paulo entre os dias 6 e 9 de dezembro, a atriz Sandra Bullock falou sobre seu novo trabalho, Bird Box. O longa-metragem, dirigido por Susanne Bier (de Em Um Mundo Melhor), estreia nesta sexta-feira (21) na Netflix e coloca a atriz norte-americana para viver uma mãe em um mundo pós-apocalíptico.
Em entrevista concedida à imprensa, logo após o evento, Sandra falou de forma bem humorada sobre os desafios nos sets de filmagem.
Qual é seu personagem em Bird Box e o que ele busca mostrar ao público?
Eu interpreto a Malorie, que está grávida e é uma pessoa bem isolada do mundo, independente. Ela sente que não devia ser mãe, mas sua irmã quer que ela tenha o bebê. Antes de dar à luz, ela se vê presa em uma casa com outras pessoas. Ninguém sabe o que vai ser do mundo. Neste longa, vemos o que a família representa em nossas vidas.
Quando percebeu que Bird Box tinha a ver com você?
Não tinha trabalhado com terror/suspense, e eu adoro histórias de amor familiar. Li o roteiro e não me conectei logo de cara. Mas, quando vi que eles se amavam tanto, percebi que tinha a ver comigo. Como mãe, tenho medo todos os dias. Tem uma fala do Tom no filme que sempre me faz chorar: "Você ama as coisas que tem medo de perder". Ela é importante especialmente nesses tempos, em que esquecemos que estamos no mundo para amar e nos conectar. Quero levar esperança para o mundo com o meu trabalho.
Em um momento do filme, o elenco todo fica trancado dentro de uma casa por vários dias. Como foi essa relação com os outros atores?
Ninguém saía desta casa. Geralmente os atores ficavam em seus trailers jogando videogame, aprendendo a tocar violão ou tendo um caso (risos). Mas dos casos eu nunca fico sabendo, sou sempre a última a saber quem está dormindo com quem. A não ser que seja eu dormindo, então sei exatamente quem está tendo o caso (mais risos). A Susanne (Bier, diretora) criou um ambiente assustador e isolado. Quando estávamos cansados, dormíamos no sofá. Ficamos à vontade um com o outro.
Vocês filmaram muitas cenas com vendas nos olhos. Qual foi a maior dificuldade dessas gravações?
Nós achamos que sabemos o que é ser cego, mas não ter visão nos faz entender que percebemos o que temos ao redor - temos habilidades que não usamos. Eu e o Trevante (Rhodes) fazíamos barulho para medir os espaços, assim sabíamos a distância, mas realmente não tínhamos visão nenhuma. Prometi que iria devolver as crianças inteiras aos pais (risos), então, às vezes, no barco, tirávamos as vendas para ter noção de como iam as cenas.
E gravar com as crianças? Não foi difícil, ainda mais com os olhos fechados?
O Trevante (Rhodes) não teve que segurar as crianças, então ele fala que são fofos (risos). Brincadeira. Eu descrevia os passos com detalhes para eles, porque queria que a reação fosse de medo. Foram dois profissionais bem competentes, e eles foram incríveis nas cenas do barco. Os pais deles estavam muitas vezes no set, então a gente tomava cuidado redobrado.
Como foi trabalhar com Susanne Bier? O que o trabalho dela neste longa te ensinou?
Susanne sabe o que quer, não fica perdida e se foca muito. Não sei como consegue fazer isso. Fiquei de queixo caído. Ela gosta de ver todos construindo relacionamento no set de filmagem e me senti bastante confortável e segura em cena. Se é por ser mulher, não sei, mas ficamos confiantes, e com certeza repetiria a experiência.
Qual foi sua inspiração para fazer uma mãe em um cenário pós-apocalíptico?
Eu sou mãe de dois filhos e, para quem tem mãe, sabe a força que ela tem. Durante um tempo, elas tinham uma figura dócil na maioria dos filmes. Mas não é bem a realidade. Tenho pânico pelos meus filhos, e não conheço nenhuma mãe que não pense se eles vão voltar para casa no fim do dia. Nas cenas em que precisava demonstrar medo, não precisei me inspirar. A minha aparência não era das melhores, mas era aquilo mesmo. Não reinventei nada: só pensei nos meus filhos e atuei como aquela pessoa que vocês vão assistir.