Prestes a estrear na nova novela da Rede Globo, O Tempo Não Para, na faixa das 19h, Adriane Galisteu está preparada para mais um desafio. A artista, que possui um currículo vasto em experiências na televisão, teatro e rádio, agora se aventura em seu primeiro trabalho na teledramaturgia da emissora carioca. Ela dará vida à Zelda Larocque, uma estilista que perdeu espaço no mercado da moda por causa da crise financeira. Tudo vai de mal a pior até que Carmen (Christiane Torloni) a indica para renovar o guarda-roupa de Maria Marcolina (Juliana Paiva) — membro de uma família congelada há 132 anos no fundo do mar. Zelda percebe na "jovem" a oportunidade de escapar da falência.
— Estou super feliz com esse presente profissional, nesse momento da minha vida, da minha carreira — afirma Galisteu em meio à puxada rotina de ponte aérea Rio-São Paulo — a artista reside com a família na capital paulista.
A ex-loira — agora morena como auxílio à caracterização — concedeu entrevista a GaúchaZH por e-mail na qual falou sobre o atual trabalho, fases da carreira e o que o público pode aguardar a partir da próxima terça-feira (31). Confira abaixo.
Como foi o processo de criação da Zelda Larocque?
O processo de criação da Zelda existe ainda. A novela é uma história viva, em que a gente vai se moldando e vai conquistando coisas para o personagem ao longo do nosso trabalho. É claro que eu fiz um estudo do personagem por dois meses, fizemos exercícios. Ela tem uma personalidade muito diferente da minha e isso me deixa numa situação um pouco mais complicada porque eu não posso emprestar nada para ela. Ela não pensa como eu, não age como eu. Ela é realmente muito diferente de mim. Então, eu estou disposta para a Zelda, inclusive com a cor do meu cabelo, com o meu corpo. Estou cada vez mais pronta para ela.
Ela pode ser considerada uma vilã?
Eu acho que a Zelda não pode ser considerada uma vilã, apesar de que a vilania está na cabeça de quem quer, nos olhos de quem vê. Ela é uma mulher, como muitos brasileiros, que luta para se manter no espaço que conquistou. Porém, ela não está mais conseguindo dar conta por uma questão mercadológica, financeira. Aí, eu acho que ela pode andar por maus caminhos. O medo de perder tudo pode torná-la uma pessoa de caráter duvidoso.
Na trama, a Zelda é uma das principais fontes do repórter de celebridades Pedro Parede (Wagner Santisteban), que faz de tudo por um furo jornalístico. Para você, qual o limite da imprensa?
Eu sou de uma época em que a gente tinha que esperar o jornal sair para ler a notícia. Esperava a revista na semana seguinte ou no mês seguinte para conseguir ler o que estava acontecendo, e a única chance que a gente tinha de ter voz era num programa ao vivo ou numa rádio. Não tinha outro jeito. Hoje, todo mundo é um pouco repórter, todo mundo é capaz de dar um furo de uma matéria que nem percebe. Às vezes, você está numa piscina filmando um casal ali do lado que você nem conhece e o cara está traindo a mulher dele. Você faz a cena desse casal, sem querer, e isso pode virar manchete na cidade dessa pessoa. Tantas coisas podem acontecer. Eu acho que depois que a tecnologia chegou, o limite acabou. Você está sujeito a qualquer coisa, a qualquer momento. Eu falo isso para quem é famoso e para quem não é. Quantas notícias e quantos vídeos nós recebemos de pessoas que não conhecemos e que estão se expondo a uma situação. Hoje em dia, acabou o limite. O limite é a gente que dá. O respeito é a gente que impõe. Você tem que saber o que você está fazendo, onde e com quem você está fazendo. Por um lado, eu acho isso bom porque eu sempre pensei que a pessoa que está a fim de fazer uma coisa ilícita não se expõe, seja em relação ao amor ou a uma coisa própria do cotidiano. Eu sempre fui a favor da verdade.
As suas experiências no teatro ajudaram na atuação em frente às câmeras, ou são esferas completamente diferentes?
Sem dúvidas. Foram 12 peças, a minha última no ano passado, em que eu fiz a Malévola (foto). Foi a primeira experiência com o público infantil. Tive professores como Bibi Ferreira, Paulo Autran, Jô Soares, Juca de Oliveira, Elias Andreato, Alê Renek. Tive diretores espetaculares na minha vida, que me ajudaram a chegar hoje em O Tempo Não Para e conseguir moldar a Zelda com mais tranquilidade. Sem dúvida nenhuma, o teatro me ajudou muito e vai continuar me ajudando muito. O fato de fazer televisão ao vivo me ajuda também porque a novela hoje é tão real, tão próxima do natural das pessoas, zero teatral. Você tem que usar essa naturalidade que o programa ao vivo também tem. Na TV ao vivo, eu fui dirigida por Nilton Travessos, por nomes incríveis. Fiz isso por 18 anos da minha vida, então eu acho que chegou a hora de colocar essa experiência toda na Zelda.
O público pode esperar o que da Adriane Galisteu como atriz em novela?
O que as pessoas podem esperar de mim é a minha dedicação. Eu sou uma mulher dedicada, disciplinada, profissional, faço o que mandam. Então, o que as pessoas vão assistir foi aprovado pela direção, foi super estudado por mim. Eu tenho o maior interesse que as pessoas amem a trama mais do que qualquer coisa. Para mim, fazer parte desse sanduíche é que faz a diferença. É novidade as pessoas me verem na Globo, eu sei que estão ansiosas. Eu vejo nas minhas redes sociais, na rua, todo dia, mas eu mesma estou bem devagarinho. Eu sou ariana, ansiosa, e se eu der asas para isso eu já não durmo. Tenho me dedicado ao estudo, ao meu trabalho, à Zelda 100% do meu tempo.
Você precisou ficar morena para a caracterização. Se submeteria a outras mudanças físicas em nome de um personagem?
Uma das coisas que me impressiona na profissão de atriz, nesse universo que é complexo, enorme e diferente, é o quanto a gente está disponível para fazer esse trabalho. Eu sou uma mulher de 45 anos, passei por poucas e boas na minha vida e eu garanto que tenho maturidade e experiência para falar o que eu quero fazer. E quando eu quero fazer, eu estou completamente disponível, para engordar, para emagrecer, pintar ou cortar o cabelo. É claro que não é fácil. Eu estou disponível, porém não é com tanta facilidade assim que você corta um cabelo curto, que você fica careca, que você engorda 20 kg ou perde 20 kg. Mas tudo isso está embasado na vida profissional, está embasado num trabalho que tem a ver com arte, tem a ver com aquilo que a gente ama e que faz parte da nossa história e do nosso trabalho.
Você continua morando em São Paulo? Como está a sua rotina de gravações?
Eu continuo morando em São Paulo sim. Graças a Deus, a gente está a 45 minutos de distância. Temos a ponte aérea que nos ajuda muito. Então, eu consigo ir e voltar várias vezes, se for preciso. Já aconteceu de eu ir e voltar três vezes na semana. Eu tenho um programa ao vivo, que é toda quarta-feira na Rádio Globo, e eu posso fazer esse programa tanto nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, quanto em São Paulo. Então, isso me ajuda porque onde quer que eu esteja no meio da semana eu posso tocar o meu programa, que é o Papo de Almoço, e posso fazer as gravações da novela no mesmo lugar, principalmente se for aqui no Rio. Como essa novela tem uma história em São Paulo, e nós já tivemos cenas gravadas lá, meu ritmo de gravação está ótimo. Eu estou conseguindo manter meu trabalho e minha vida mesmo indo e vindo para o Rio de Janeiro. O Vitório está de férias, então quando eu venho trabalhar sábado, ele vem comigo. Eu já venho um pouco antes, fico com ele, curto praia, curto piscina, estudo. Sei que ele está pertinho de mim, então eu fico tranquila.
Caso você fosse congelada e despertasse após um século, como desejaria que o mundo estivesse?
Todo ser humano sempre espera um mundo melhor. Então, eu imagino que se eu estivesse congelada e acordasse, eu ia me deparar com um mundo todo tecnológico, com as maravilhas do progresso, porém eu também ia me deparar com momentos difíceis em relação a caráter. Naquela época, era ano fio do bigode, como diziam. As coisas eram muito focadas na palavra. As pessoas tinham uma relação umas com as outras. Hoje em dia, isso não existe mais. Às vezes nem contrato serve mais. Então, eu acho que a gente não muda nas vontades, não muda nos objetivos. Eu acho que todo ser humano continua querendo viver um grande amor, continua querendo ter a chance de explorar o mundo, de conhecer outras culturas. As vontades são as mesmas, o que muda são as possibilidades de conseguir fazer. Eu esperaria a cura de algumas doenças, um mundo menos poluído e muito melhor. Eu também faço o exercício contrário: fico pensando se eu pudesse me congelar ou congelar o tempo. Eu vivo falando isso. Meu filho cresce aos meus olhos a todo instante. Ele está com sete anos e parece que ele nasceu ontem. Às vezes, eu tenho uma vontade de parar o tempo, de congelar aquele instante para poder viver mais e aproveitar ele criança porque passa tudo tão rápido.
Você vai trabalhar em algum projeto paralelo à novela?
Não consigo fazer tanta coisa assim também. A novela toma um tempo. O meu programa de rádio é ao vivo todas as quartas-feiras. Eu tenho todo o meu trabalho no meu canal do YouTube, que também toma tempo. Normalmente eu gravo às terças-feiras para o YouTube (o programa Sem Filtro). Ainda tem todos os meus produtos licenciados, as minhas fotos para fazer, os meus eventos. Então, minha agenda fica cheia, independentemente das gravações da novela. Eu não posso agregar mais nada agora não, embora eu já esteja pensando em, lá na frente, voltar para os palcos. Em 2019, estarei no teatro. Podem ter certeza disso.