Se antes era preciso esperar horas e mais horas pelo programa favorito na TV, hoje as crianças têm o controle na mão para assistir a suas séries e desenhos animados preferidos –e não é só o remoto. O consumo de produções audiovisuais por meio de serviços de streaming faz sucesso em todas as gerações, e os pequenos são uma parcela importante dessa audiência - é só reparar que Netflix e YouTube, por exemplo, passaram a oferecer plataformas exclusivas para as crianças. E em época de muita oferta e fácil acesso aos conteúdos sob demanda, os pais precisam ficar ainda mais atentos às escolhas feitas pelos filhos (clique AQUI e conheça 50 séries infantis para ver na Netflix e em outros serviços de streaming).
– Hoje, a relação com o tempo é diferente. É interessante as crianças desejarem e irem atrás, terem o poder de escolha, fazerem o crivo sobre os programas. Mas também pode dar a sensação de alguém que só faz o que quer. Pode ter consequências – esclarece Ana Laura Giongo, psicanalista e mãe de Anita, 11 anos, e Marina, oito anos.
Com a popularização dos catálogos de streaming, as crianças e os pais têm milhares de opções de séries infantis geralmente sem comerciais. A mobilidade também é outro ponto atrativo, já que um tablet ou um smartphone funciona como televisão. Mas é preciso definir limites para os pequenos construírem uma relação saudável com as plataformas sob demanda, e não prejudicial. A especialista Ana dá as dicas:
– Cuidar para não substituir a relação das crianças com as pessoas apenas por telas é essencial. Não ocupe sempre a criança com a tela, seja na mesa do restaurante ou em casa. Outra dica importante é um limite de tempo, estipular quantas horas por dia ela pode assistir e em quais horários.
De olho no conteúdo
Os pais devem assistir aos programas que os filhos se interessam e, muitas vezes, dizer "não" fará parte do processo. A psicanalista também destaca que a faixa etária não existe à toa e deve ser levada em conta na hora da escolha.
– Há produções mais violentas, desordenadas, que desautorizam os adultos. Se o pai ou a mãe identifica isso tem que explicar que o desenho não é legal. A questão da idade é importante. Se o programa é para 12 anos, é provável que tenha coisas que uma criança de cinco não vai conseguir assimilar. É preciso ter atenção – indica.
Dona do blog Odisseia Materna, Roberta Soares busca ser franca com seu filho. Se precisa proibir, explica claramente os motivos para Matheus, 6 anos.
– Combinamos que ele sempre me pergunta se pode assistir antes de escolher. Às vezes, tenho que dizer que não dá mesmo. Também tento buscar informações sobre a série na internet e assistir junto para tomar a decisão. Uma vez, proibi vídeo de um youtuber por falar palavrão – recorda.
Já Claudia Bins, responsável pelo blog As Passeadeiras e mãe de Manoela, 11 anos, e Juliana, sete anos, garimpa séries que mostrem meninas fortes, habilidosas e batalhadoras.
– Há séries muito bacanas de cientistas e espiãs, normalmente atribuídas aos homens. Elas gostam muito. Procuro, converso com outros pais. É uma forma de estimular as meninas a verem seriados mais empoderadores – explica.
DICAS DE SÉRIES E PROGRAMAS
Ana Laura Giongo, psicanalista e mãe de Anita, 11 anos, e Marina, oito anos
"Há duas séries que eu acho legal. Um é o Esquadrão Bizarro. É uma produção canadense-americana e todos os personagens começam com a letra 'O'. É a história de uma equipe composta apenas por crianças. Sempre tem um mistério que eles precisam investigar. O mais legal é que, em geral, tem um enigma matemático junto. A outra é Os Detetives do Prédio Azul. É uma produção brasileira que também tem mistério, e as crianças que desvendam. É bacana porque aparecem as crianças resolvendo os problemas, se apoiando."
Roberta Soares, dona do blog Odisseia Materna e mãe de Matheus, seis anos
"Ele tem assistido ao Super Monstros em Ação. São crianças que se transformam em monstros e tem alguns ensinamentos sobre diferenças. O Matheus percebe a discriminação nas ruas e questiona. Outro é o Oscar no Oásis. É um lagarto que está no deserto e precisa se virar. Não tem falas, mas é bem divertido. Rimos bastante."
Claudia Bins, responsável pelo blog As Passeadeiras e mãe de Manoela, 11 anos, e Juliana, sete anos
"O Project MC² é sensacional porque são meninas, cada uma com uma habilidade científica. Uma é especialista em química, outra é bem nerd, sabe tudo de computação. As meninas gostam muito. Jessie é outra opção, e é sobre uma babá que rala para ganhar a vida e para ajudar a família. É uma menina superinteligente e com sacadas criativas."