Foi ao ar nesta terça-feira (26) o primeiro e apressado capítulo de Tempo de Amar, nova novela da faixa das 18h. Ambientada entre Portugal e Brasil no longínquo 1927, o folhetim teve algumas de suas cenas rodadas em Bento Gonçalves e Garibaldi, na serra gaúcha. A trama gira em torno do romance proibido entre o jovem casal português formado por Maria Vitória (papel da gaúcha Vitória Strada) e Inácio (Bruno Cabrerizo) — ela, órfã de mãe e criada pelo pai (Tony Ramos) com a ajuda de Delfina (Leticia Sabatella); ele, um rapaz pobre que vive com a tia.
Com um elenco recheado de atores consagrados, como Regina Duarte, Cássio Gabus Mendes, Marisa Orth e Werner Schünemann, além dos já citados Tony e Leticia, o capítulo de estreia pisou no acelerador para que ninguém ficasse de fora e pecou na construção da relação entre os protagonistas. O amor avassalador dos dois surgiu a partir de uma troca de olhares durante uma procissão religiosa na fictícia vila de Morros Verdes. No primeiro diálogo, enquanto falavam um ao outro quem eram e o que pretendiam da vida, Inácio já mostrou-se apaixonado ao ponto de abrir mão do seu sonho de mudar-se para o Rio de Janeiro se fosse para ficar com Maria Vitória. Na cena seguinte, antes mesmo do primeiro beijo, a garota parece ter sido acertada pelo mesmo cupido e planeja a felicidade eterna ao lado do Romeu português.
Entre o amor dos dois há Fernão, médico recém-formado em Coimbra e namorado de adolescência de Maria. Os dois tiveram o seu casamento acertado pelos pais ainda crianças e o jovem doutor, obcecado pelo amor de infância, quer que o acordo seja cumprido – mesmo contra a vontade da noiva. Maria, aliás, não parece se importar com o que foi combinado pelo seu pai e se mostra dona de suas próprias escolhas. A luta contra o patriarcado parece ser um dos motes da personagem ao longo da história.
No núcleo europeu da novela, chama atenção o fato de nenhum personagem falar com o sotaque local. Se não fosse pelo uso de algumas expressões, quase não se notaria a diferença. Chama a atenção também a atuação do estreante Bruno Cabrerizo. A tentativa de representar um moço sonhador do campo acabou resultando em um personagem bobo e inexpressivo, incapaz de acompanhar uma entusiasmada Maria Vitória.
O lado brasileiro da trama qusae não foi contemplado neste primeiro episódio. Algumas discussões políticas do Brasil República, há 90 anos, assemelham-se muito às atuais, como a presença de imigrantes no país e a "ameaça comunista". Quem deve ganhar destaque ao longo do folhetim é Madame Lucerne (Regina Duarte), francesa que comanda o cabaré Maison Dorée, uma espécie de Moulin Rouge abrasileirado, que à noite serve de refúgio para maridos infieis.