Uma declaração do chefe de conteúdo da Netflix no final da semana passada deixou os fãs de séries em alerta. Em bate-papo com o comediante Jerry Seinfeld, em um evento do Sindicato dos Produtores, Ted Sarandos explicou os motivos que levaram ao cancelamento de produções como Sense8 e The Get Down dizendo o seguinte:
– Relativo ao que você gasta, as pessoas estão assistindo? Isso é bastante tradicional. Quando falo isso quero dizer que um programa muito caro para um grande público é ótimo. Um programa grandioso e caro para um público minúsculo é difícil de fazer funcionar por muito tempo, mesmo no nosso modelo de negócios.
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O que chamou atenção...
...é que esta não aparentava ser a política da Netflix para produzir seus conteúdos – a empresa nem divulga números de audiência. A crença era de que uma série boa não precisava de um grande público para se manter no ar, o que é um baita diferencial em relação às redes de TV aberta, para quem isso, realmente, é "bastante tradicional" – elas definem desde sempre suas grades de programação conforme a popularidade dos programas, especialmente entre uma determinada faixa etária (18 a 49 anos).
Entre os receios...
...de quem acompanha o setor estão as possibilidades de uma queda drástica da qualidade das produções (sem buscar nichos de mercado) e de que inúmeras séries sejam canceladas sem final.
O que é certo (mas que parece termos esquecido): o saco tem fundo. A Netflix é uma empresa como qualquer outra e não quer jogar dinheiro fora. Sense8, por exemplo, era uma produção caríssima (US$ 9 milhões por episódio, em média) e, mesmo sem termos números, Sarandos indicou que o público estava bem aquém do esperado e não justificava o investimento.
O que tudo isso significa, de fato, só com o tempo saberemos.
Aliás
Também no final da semana passada, a Netflix confirmou que, apesar das campanhas dos fãs, Sense8 não voltará para uma terceira temporada. O anúncio foi feito pela empresa em suas contas nas redes sociais.
VICIEI
Depois de Making a Murderer e Amanda Knox, a última aposta da Netflix no quesito true crime é a série documental The Keepers. A produção investiga o assassinato não solucionado de uma freira em Baltimore em 1969, revelando uma trama envolvendo suspeitas de abusos sexuais, pedofilia entre padres e acobertamento por polícia e Igreja Católica.
The Keepers não é tão bem costurada como Making a Murderer, mesmo assim é chocante.