O que você faria se tivesse o dom de falar com os mortos? Entraria em pânico? Tentaria ajudá-los? O protagonista da série Werner e os Mortos não teve dúvidas: é uma boa forma de ganhar dinheiro. Produção gaúcha rodada em Porto Alegre e Região Metropolitana – em locais como Cachoeirinha e Viamão –, a atração estreia neste sábado, às 21h30min, no Canal Brasil.
Na série de dramédia, Werner (Adriano Basegio) passa a ter habilidades mediúnicas após passar pelo trauma de perder a esposa em um acidente de carro que ele conduzia. Em cada um dos 13 episódios de até 30 minutos de duração, ele atende a uma demanda relativa a um morto – alguma pendência que impede a passagem da alma penada para o outro lado. Sempre amargo e agindo como um médium politicamente incorreto, o protagonista atua como investigador de homicídios e conciliador de questões familiares. Werner ainda conta com a ajuda de seu cunhado, Jão (Felipe de Paula), que é um hacker habilidoso, além de sua sobrinha Júlia (Mariah Pandoin), 10 anos.
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Coprodução entre as produtoras porto-alegrenses Cubo Filmes e Verte Filmes, a série foi criada por Tiago Rezende e Gabriel Faccini – também responsáveis por Horizonte B, série de ficção científica disponível na Netflix desde março – e conta com a direção-geral de Claudio Fagundes.
– A questão que diferencia um pouco a nossa série é que o protagonista Werner é ateu. Ele não tem nenhum tipo de inclinação religiosa ou espiritual. Quando essa habilidade vem à tona, Werner lida com ela de uma maneira mundana, de um ponto de vista super cínica. O que ele faz é transformar esse fardo numa maneira de se remunerar, como um ganha pão. Começa a cobrar os espíritos para resolver essas pendências que deixaram em vida. O morto chega para ele com uma demanda, mas ao mesmo tempo ele tem que achar uma maneira de retribuir – explica Faccini.
A ideia para a série surgiu de uma inquietação de seus criadores.
– Nós temos uma relação de bastante curiosidade com os mistérios que nos rondam, mas ao mesmo tempo a gente não tem nenhuma orientação religiosa, como o próprio personagem. Para nós interessava uma maneira de subverter esse gênero sobrenatural sob o ponto de vista de quem não acredita – destaca Faccini.
Nos últimos anos, as produções de terror, suspense e ficção científica têm ganhado projeção no Rio Grande do Sul.
– Acho que estamos num momento da pós-modernidade em que os criadores têm se utilizado do gênero, como sobrenatural e ficção científica, sabendo que o público já tem esses códigos introjetados. Esses gêneros têm um forte potencial metafórico. É uma maneira de trazer elementos que são populares e ao mesmo tempo abordar assuntos sérios, de maneira não tão literal – garante o criador de Werner e os Mortos.
Faccini também destaca o uso de atores locais na produção:
– A gente ouve muito no nosso meio que os atores daqui não têm uma formação para o audiovisual. Muitas vezes, as produções grandes buscam atores de fora. Acho que a nossa série é um bom exemplo de que isso não é verdade. Nosso elenco é super grande, tem mais de 100 atores, e a maioria é gaúcho. Sou suspeito para falar, mas o nível de atuação deles é super alto. Foi uma oportunidade para pessoas que são mais conhecidas pelo teatro para atuarem em frente à câmera.
WERNER E OS MORTOS
Sábado, às 21h30min, no Canal Brasil.
Horários: sábados, às 21h30min, com reprises aos domingos, às 12h, e segundas, às 17h.