Semana passada saiu mais um trailer de Cinquenta tons mais escuros, o segundo filme da trilogia mezzo erótica protagonizada por Anastasia Steele (Dakota Johnson) e Christian Grey (Jamie Dornan). Essa informação foi só um preâmbulo para alertar que o amigo leitor deveria estar assistindo ao norte-irlandês Dornan, bastante criticado por sua atuação no longa-metragem, em outro papel sádico (e na TV): o do serial killer Paul Spector, da série britânica The fall, disponível na Netflix.
Ambos os personagens têm prazer em ver uma mulher sofrer – a diferença é que Spector leva sua tara sadomasoquista até as últimas consequências. O mais curioso para mim é que, mesmo os dois personagens sendo parecidos, o resultado tenha sido tão diferente para o ator. Se Dornan não convence como o bilionário controlador Grey, que só se satisfaz com sexo com pitadas de violência consentida, ele está de arrepiar (no bom sentido) interpretando o psicopata Spector, que mata suas vítimas sufocadas após um jogo sexual nem sempre consentido.
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A recém exibida terceira temporada – e possivelmente última – de The fall arrasou com qualquer sensibilidade que tivesse sobrado no espectador após as duas primeiras. As cenas de violência do último episódio, inclusive, deixaram muita gente chocada.
Mas a violência, em si, é só um acessório para uma trama que busca entrar na alma do assassino e mostrar de forma crua sua influência em quem aparece pela frente. Um aspecto interessante é a relação obsessiva entre Spector e a detetive que lidera as investigações de seu caso, Stella Gibson, interpretada pela elogiada Gillian Anderson (embora eu ache a atuação da americana muito semelhante a sua participação em Hannibal como Bedelia du Maurier). Em dado ponto, o jogo de gato e rato parece mais as preliminares de uma relação doentia.
A partir daqui, SPOILERS e você não assistiu às duas primeiras temporadas.
Nesta terceira temporada, produtores e roteiristas exploraram muito bem o fio condutor da história após a captura do criminoso. Afinal, Spector realmente perdeu (convenientemente) sua memória dos acontecimentos dos últimos anos, depois de sua quase morte, não sendo capaz de lembrar que havia se tornado um monstro? Ou é só um artifício para se safar da inevitável condenação?
Enquanto Stella corre para construir um caso inapelável perante a Justiça, o espectador acompanha como uma infância sofrida ajudou a criar o assassino – e, em alguns momentos, até consegue compadecer-se dele.
Mas só até o olhar psicopata de Dornan lhe provocar calafrios mais uma vez.