O pior prato do MasterChef profissionais é servido durante os intervalos do programa: que pavor daqueles "finalistas" do X factor! Cantam tão mal que, na segunda vez em que apareceram nesta terça-feira, botei a TV no mute.
Quem também estava desafinando – SPOILER ALERT: única e última chance de interromper a leitura para aqueles que não querem saber sobre a eliminação – era a Priscylla. Não à toa, depois que a loira tatuada foi embora, deixando seis cozinheiros na disputa, Dário comentou com os colegas:
– Agora só tem faixa preta.
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Paulista de 28 anos, Priscylla Luswarghi teve uma trajetória de mais baixos do que altos e também destoava dos demais concorrentes pelo discurso adotado. Diferentemente de seus pares, que, no geral, arrotam autossuficiência, ela não era convencida de seu próprio talento – pelo contrário.
– Ela tá falando que vai sair desde o primeiro episódio! – lembrou Fádia.
– Ela se faz de bad trip! – ironizou Marcelo, apontando o que considerava uma tática da loira: a de se menosprezar para, depois, se concentrar e virar o jogo a seu favor.
Pode-se dizer que seu último episódio resumiu bem sua participação. A primeira prova pupunha, quer dizer, propunha como desafio fazer esculturas de caramelo. O pior dos candidatos iria direto para a prova de eliminação. O mais experiente da turma (25 anos de cozinha profissional), Ivo achou que não era muito difícil, mas se deu mal.
– Virou bala. Vai ficar grudado no meu dente – reclamou o chef Fogaça. – Show de horror.
Ivo ainda teve de ouvir uma letrinha dos jurados quando eles elogiaram Dayse, que já havia sido funcionária do pernambucano:
– A subchef passou o chef.
Marcelo apresentou um doce crocante, bonito, saboroso, mas que não chegava a ser uma escultura. Dário parece ser mesmo fissurado em frutos do mar: Fogaça disse que seu caramelo tinha cara de lagosta. Fádia fez Paola lembrar dos filmes Alien, e João, com suas notas musicais, fez Jacquin pensar num piano. Quando o professor pernambucano sugeriu que a carreira paralela de Fogaça teria sido uma inspiração, o chef francês, aludindo ao estilo hardcore da banda de rock de seu colega de júri, a Oitão, brincou:
– A banda do Fogaça não tem piano, não!
Priscylla, novamente, acabou ganhando ajuda de seus rivais – o que é um mistério para mim: por que tanta gente a ajudou ao longo dos episódios? Desta vez, a ajuda extrapolou os limites de soprar uma dica ou alcançar um ingrediente. Dayse DEU caramelo para Priscylla, que não conseguiu fazer o seu. Mas não adiantou muito.
– O que é isso? Nada. Caco de vidro – Fogaça criticou.
Ficaram na berlinda Priscylla e Ivo. Ele não cumpriu a prova, mas ela, apesar de ter levado caramelo à bancada, também não. Os jurados tinham percebido que talvez a moça tivesse recebido ajuda, então Jacquin disse que ser honesto era um dos maiores valores de um chef e perguntou para Priscylla:
– Você fez o caramelo?
Música de suspense, edição que prolongou o tempo de resposta, tensão no ar. Priscylla ganhou pontinhos comigo ao admitir que não fez e ficar de fora da prova de serviço, um jantar que deveria trazer a visão brasileira para a cozinha portuguesa. Quando os capitães das duas equipes foram conhecidos, o termômetro de popularidade indicava que aquele seria um duelo de herói contra vilão – Dário (um xodó da audiência, cuja equipe largou com 81% da preferência do público) e João (cuja arrogância se traduziu em meros 19%). Mas, à medida que a prova foi se desenrolando, a equipe de João ganhou simpatia (chegou a estar 67% a 33% para Dário e cia.) – acho que não só por seus pratos pareciam mais apetitosos (enquanto a musse de abóbora de Dário, por exemplo, perdeu cor e ficou sem consistência), mas também porque o professor revelou-se um líder melhor, mais organizado, mais aberto ao diálogo e menos arrogante do que poderíamos imaginar. Seu time acabou vencendo de lavada: foi o cardápio mais pedido e teve os votos do jurado convidado, o chef português Vitor Sobral (que, durante a prova, ao criticar o trabalho das equipes, largou uma frase que vale praticamente para qualquer área profissional: "É uma tendência, complicar as coisas. Não sei por quê"), e dos jurados residentes.
A prova de eliminação aterrorizou Dário, Ivo, Dayse e Priscylla: reinventar uma sobremesa (quase ninguém lá gosta ou sabe fazer doce!). No caso, uma torta de limão. Dayse começou meio perdida, errou, mas venceu de novo (está se credenciando para ser finalista) ao desconstruir a torta. Dário foi criativo, embora Fogaça tenha se queixado do excesso de merengue. Ivo exagerou no cointreau e sofreu cobrança maior por ser o veterano da turma ("Esperávamos mais de você", disseram os jurados). Priscylla... Bem, Priscylla travou outra vez. Sobremesa, confeitaria, doces, enfim, lhe provocam urticária. Não deveria ser assim, cutucou Jacquin:
– No seu restaurante, vai ter entrada, prato principal e a conta?
Mas, sabe-se lá como, ela conseguiu fazer sua naked cake de limão. Só que a massa estava crua, Priscylla, equivocadamente, serviu num prato fundo e, ainda por cima, literalmente (leitores atentos: eu sei que já fiz esse trocadilho antes), tascou uma rodela crua de limão.
– Você conseguiu mostrar bem no seu prato o quanto estava perdida – afirmou Fogaça, pouco antes de a justiça ser feita: Priscylla realmente está um degrau abaixo dos seis sobreviventes. Que, no próximo programa, terão de enfrentar uma batalha de cinco rounds, começando por destroçar um animal. Morto, diga-se de passagem, mas antevejo polêmica nas redes sociais como daquela vez que houve uma cabeça de porco no MasterChef Brasil.