Fenômeno da televisão e ganhadora de nove prêmios Emmy, a série Succession teve neste domingo (17) sua terceira temporada lançada na HBO e na HBO Max. A produção acompanha a família Roy, formada por quatro irmãos que disputam o império de mídia e entretenimento Waystar Royco, presidido pelo pai, Logan (Brian Cox).
Ricos naquele nível de ter frota de aviões e helicópteros, os Roys vivem se traindo mutuamente, exercendo seus privilégios, tratando os outros como descartáveis. São odiáveis. Em entrevista por videoconferência com participação do Estadão, Kieran Culkin, intérprete do caçula Roman, disse que não consegue explicar o sucesso da série.
— Eu mesmo não sei por que gosto da série, e gosto muito. Não é que queira ver como esses personagens são horríveis, ou sua ruína. Não é por causa do seu poder e sua riqueza. Acho que gosto da dinâmica e das nuances dos personagens, mas não tenho certeza.
Helicópteros e mansões à parte, os Roys são, apesar de tudo, uma família.
— Todos nós viemos de uma família, seja um grupo de amigos ou de sangue — disse a atriz Sarah Snook, cuja personagem, Siobhan, ganhou a posição que almejava nesta terceira temporada. — Famílias são universais. Mesmo que sua conta bancária esteja a zero, você ainda briga e troca insultos com seus irmãos.
Faz sentido duvidar do amor entre os Roys. Ainda mais quando — atenção para o spoiler — Logan resolve sacrificar Kendall no caso de um escândalo que ameaça a companhia, com o filho revidando em uma entrevista coletiva e acusando o pai de acobertar os casos de abusos sexuais, um choque do episódio derradeiro.
Nos novos episódios, as tensões irão aumentar quando a batalha corporativa começa a se transformar em uma guerra civil familiar, com os Roys questionando quem vai assumir o controle em um mundo pós-Logan. Essas disputas fazem com que Succession frequentemente seja comparada a tragédias gregas como Édipo Rei ou shakespearianas como Rei Lear.
— Logan sabe que está chegando ao fim, mas não larga o osso. Ele é o arquétipo da figura de autoridade — disse Brian Cox em evento da Associação de Críticos de Televisão.
— Roman fica porque sabe que Logan sempre vence. É assim que as coisas são — disse Culkin.
Mas os atores acreditam no sentimento entre os Roys.
— Eles só não cresceram em uma família que valoriza o amor sobre o sucesso ou o poder — disse Snook.
Tragédias gregas ou de William Shakespeare costumam terminar em banho de sangue, e Sarah Snook acha que não vai ser diferente aqui — mesmo que não literalmente. Afinal, no caso dos bilionários, quase toda queda costuma ser para cima.
— Pode não haver machados e espadas, mas pessoas perdem empregos como reflexo das decisões dessa família, há repercussões sociais e culturais — afirmou a atriz australiana.
No entanto, é improvável que Logan, Kendall, Roman e Shiv aprendam alguma coisa no final, até porque o criador da série, Jesse Armstrong, não acredita que as pessoas progridam.