Um incêndio atingiu um galpão da Cinemateca Brasileira, na zona oeste de São Paulo, na noite desta quinta-feira (29). De acordo com informações obtidas pelo G1 junto ao Corpo de Bombeiros, o local abriga parte do acervo da instituição e há uma grande quantidade de materiais altamente inflamáveis no espaço.
Informações preliminares dão conta de que não há vítimas no local e que 15 viaturas, com quase 50 bombeiros, foram enviadas para combater o fogo. O G1 destacou que o incêndio teve início por volta das 18h foi controlado próximo das 19h45min, mas as chamas ainda não foram totalmente extintas.
De acordo com a Folha de S.Paulo, o prédio em questão não é a sede principal da Cinemateca, que fica na Vila Mariana. O depósito atingido pelas chamas abriga parte do acervo, como rolos de filmes de 35mm e 16mm, feitos de material altamente inflamável. Eles seriam cópias para exibição, não os rolos originais, que ficam em outro local. Uma fonte informou ao canal GloboNews que, com o incêndio, cerca de quatro toneladas de documentos podem ter sido perdidas.
Em nota, a Secretaria Especial da Cultura lamentou o ocorrido e destacou que está acompanhando a situação de perto. No documento, o órgão apontou que "todo o sistema de climatização do espaço passou por manutenção há cerca de um mês como parte do esforço do governo federal para manter o acervo da instituição" (leia nota completa ao fim da matéria). Um curto-circuito no ar-condicionado está sendo apontado como uma possível causa do incêndio.
Em 2016, o local foi atingido por outro incêndio e cerca de 500 obras foram destruídas pelo fogo. No ano passado, um temporal alagou o galpão e parte do acervo foi, novamente, comprometido.
Situação precária
A Cinemateca Brasileira é considerada a principal instituição de preservação do audiovisual do país. Porém, o local está no meio de um impasse com o governo federal que vem se agravando nos últimos meses. O contrato que a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp) tinha com o governo para administrar o local se encerrou em 2019 e, depois disso, funcionários foram demitidos e contas ficaram em atraso.
O Ministério Público Federal (MPF), em julho do ano passado, ajuizou uma ação civil contra a União por abandono da Cinemateca. A medida solicitava, em caráter de urgência, a renovação de contrato com a Acerp até o fim de 2020. Na ação judicial, a promotoria destacou problemas como risco de incêndio, falta de vigilância, atrasos nas contas de água e luz, além do não pagamento de salários.
O governo federal, no último mês de janeiro, escolheu a Sociedade Amigos da Cinemateca para assumir a gestão do local em caráter emergencial, até que uma nova organização social assuma a administração.
Em maio deste ano, o MPF suspendeu a ação contra a União depois que o governo federal se comprometeu a mostrar as ações implementadas pela preservação do patrimônio no prazo de até 45 dias.
Nota da Secretaria Especial da Cultura
"A Secretaria Especial da Cultura lamenta profundamente e acompanha de perto o incêndio que atinge um galpão da Cinemateca Brasileira, em São Paulo (SP). Cabe registrar que todo o sistema de climatização do espaço passou por manutenção há cerca de um mês como parte do esforço do governo federal para manter o acervo da instituição. A Secretaria já solicitou apoio à Polícia Federal para investigação das causas do incêndio e só após o seu controle total pelo Corpo de Bombeiros que atua no local poderá determinar o impacto e as ações necessárias para uma eventual recuperação do acervo e, também, do espaço físico. Por fim, o governo federal, por meio da Secretaria, reafirma o seu compromisso com o espaço e com a manutenção de sua história."