Depois de anunciar, na semana passada, a exclusão de todos os artistas vivos da lista de personalidades notáveis negras da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, presidente da instituição, diz agora que a nova formatação contemplará também militares e policiais.
"A partir desta quarta-feira, a Palmares anunciará a inclusão de militares e policiais negros na lista, que se destacaram por seus feitos de natureza heroico/patriótica. Madame Satã e Marighella nunca serão nossos heróis. Somos pró-polícia, lei e ordem", escreveu Camargo no final da noite desta terça (17), no Twitter.
No dia 11, Sérgio Camargo disse que iria "moralizar" a escolha dos homenageados da Fundação Palmares. A primeira decisão foi por celebrar, agora só postumamente, pessoas que tiveram uma relevante contribuição histórica. "Haverá exclusão de vários nomes. Novas personalidades serão incluídas em razão do mérito e da nobreza de caráter", disse.
Dessa forma, deixam de ser notáveis, aos olhos da Fundação Cultural Palmares, nomes como Elza Soares, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Conceição Evaristo, Martinho da Vila e Leci Brandão, entre outros.
Artistas e intelectuais comentaram os novos rumos da Fundação Palmares. A escritora Cidinha da Silva, por exemplo, disse: "trata-se de uma medida autocrática, compatível com o perfil desse dirigente e do mandatário a quem ele serve".
O humorista Mussum, que teve uma rígida formação militar e foi cabo da Aeronáutica, e Wilson Simonal, cuja participação como colaborador da ditadura militar ainda gera controvérsia, estarão na nova lista da Fundação Palmares, a partir do início de dezembro. Outros nomes ainda serão anunciados.