Lançamento recente da Netflix, o filme Rebecca é um remake do clássico de Hitchcock que foi inspirado no romance Rebecca (1938), da britânica Daphne Du Maurier (1907—1989). Até hoje, o livro é tido com um dos plágios mais claros de uma obra brasileira, já que possui diversos pontos em comum com A Sucessora (1934), de Carolina Nabuco (1890—1981).
Ao longo das décadas, a cópia de algum produto cultural chamou a atenção de fãs e dividiu opiniões. Responsáveis por músicas, filmes, livros, séries e diferentes mídias foram levados a tribunais para julgamentos que foram acompanhados pelo público.
Pensando nisso, GZH elenca abaixo alguns casos marcantes de plágio:
Somebody That I Used to Know
A canção de Gotye, um dos sucessos de 2012, virou alvo de uma disputa judicial entre o belga e o brasileiro Luiz Bonfá. Após o julgamento, o juiz considerou que o sample utilizado por Gotye era o mesmo presente na música Seville, lançado por Bonfá em 1967. A família do artista brasileiro entrou com um pedido e fechou um acordo de royalties de cerca de 50% pela música, além de uma multa de US$ 1 milhão pela venda da faixa.
A Mentira, de Nora Roberts
A escritora norte-americana Nora Roberts foi à Justiça em abril do ano passado contra a brasileira Cristiane Serruya. Ela pediu US$ 25 mil (cerca de R$ 140 mil) por compensação de danos, além da interrupção da venda dos romances de Serruya, ao acusá-la de copiar trechos de 10 de seus livros.
O principal deles é uma comparação entre A Mentira, de Nora, e Royal Affair, de Cristiane. No primeiro, publicado em português pela Bertrand Brasil em 2016, Nora escreve: "Ela era linda. Um homem não chegava aos 30 anos sem ter visto mulheres bonitas, mesmo que fosse em uma tela de cinema. Mas aquela, em carne e osso, só podia ser descrita como 'uau'." No segundo, um trecho de Serruya segue da seguinte maneira, em tradução livre, mantendo a coincidência vocabular entre as duas passagens em inglês: "Ela era linda. Um homem não chegava aos 30 anos sem ter visto mulheres bonitas, mesmo que fosse em uma tela de cinema. Mas esse não era o caso de Ludwig, que tinha ultrapassado sua cota de mulheres extraordinariamente belas. Mas aquela mulher, em carne e osso, era superlativa."
A Justiça determinou o bloqueio das vendas dos livros de Serruya, que recorreu. Até o momento, não há nenhuma novidade no caso.
Stranger Things
Após Charlie Kessler retirar o processo de plágio contra os criadores de Stranger Things, pelo uso da ideia de Montauk (curta que originou o texto de Stranger Things), um novo caso surgiu neste ano. Em julho, a empresa Irish Rover Entertainment abriu outra acusação, tendo como base um roteiro chamado Totem, escrito por Jeffrey Kennedy e registrado em nome da produtora.
A empresa alega que Stranger Things copiou o enredo, personagens, tema, diálogos e até mesmo o cenário como arte conceitual. O processo ainda segue em avaliação.
Da Ya Think I'm Sexy?
A canção de Rod Stewart, lançada em 1978, foi acusada por Jorge Ben de ser um plágio de Taj Mahal (1972). Após reconhecer a cópia "involuntária", o britânico sugeriu doar a indenização para o Unicef. O brasileiro acabou aceitando e, desde 1979, também vem recebendo os direitos autorais das duas faixas. Em uma "vingança pessoal", Jorge Ben fez novas versões de sua própria música com arranjos semelhantes aos de Stewart.
Um Herói de Brinquedo
A comédia estrelada por Arnold Schwarzenegger perdeu um processo na Justiça aberto pelo professor Brian Webster. Ele acusou a FOX, estúdio responsável pelo longa, de ter roubado a ideia após ler o roteiro que havia enviado para o estúdio. As alegações foram aceitas, e a Fox foi condenada a pagar uma indenização de US$ 19 milhões.
Cemitérios da Província
A 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul condenou a escritora Lívia Sorio a pagar R$ 10 mil, a título de danos morais, ao professor de História Mauro Tavares, que leciona na Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Vários trechos do livro Cemitérios da Província: História e Arte Cemiterial em Porto Alegre, escrito por Lívia em 2009, foram copiados da dissertação de mestrado do professor apresentada em 2007, que posteriormente se transformou no livro Irmandades, Igreja e Devoção no Sul do Império do Brasil, publicado pela Editora Unisinos.
Fuga de New York
Em 2015, um tribunal francês determinou que Sequestro no Espaço, de Luc Besson, tinha elementos suficientes tirados de Fuga de Nova York, de John Carpenter. O valor da pena foi definido em 20 mil euros para Carpenter, 10 mil euros para os roteiristas de Fuga de Nova York (Carpenter e Nick Castle) e, por fim, 50 mil euros para o StudioCanal, dono dos direitos do filme.