Um dos equipamentos culturais mais conhecidos de Porto Alegre, a Casa de Cultura Mario Quintana comemora nesta sexta-feira (25) 30 anos de história. Por conta da pandemia de coronavírus, o centenário prédio da Rua dos Andradas está com as portas fechadas, mas a celebração está garantida, com uma live da cantora Adriana Calcanhotto, às 20h, pelo perfil da CCMQ no Instagram.
Além disso, desde ontem, o canal do espaço cultural no YouTube compartilha um curta-metragem que repassa a história do local. O filme é assinado pela diretora Mirela Kruel e tem narração da atriz Mirna Spritzer. No documentário, há depoimentos de personalidades como Bruna Lombardi, amiga de Mario Quintana; Carlos Appel, secretário estadual da Cultura entre 1990 e 1994; e o arquiteto Flavio Kiefer, um dos responsáveis pela transformação do antigo Hotel Majestic na Casa de Cultura.
Como efemérides são oportunidades de avaliar o passado e projetar o futuro, além das comemorações, a administração da CCMQ e a Associação de Amigos da Cinemateca Paulo Amorim, que gerencia os cinemas do prédio, traçam planos para o próximo ano.
— Queremos uma casa cada vez mais transversal, que inclua públicos e manifestações culturais diferentes, mas também mantenha no foco a importância da poesia. A escolha da Adriana Calcanhotto para a live comemorativa tem relação com isso. Ela tem uma profunda relação com a poesia, que estará presente na sua apresentação — afirma Diego Groisman, diretor da CCMQ.
Groisman aponta que, no momento, o prédio passa por uma obra de adequação ao plano de prevenção contra incêndio (PPCI), orçada em R$ 1 milhão. A previsão de término é para dezembro.
— A obra pode seguir mesmo com visitação do público. Estamos apenas aguardando Porto Alegre receber a bandeira laranja do Estado — explica Groisman.
Alguns espaços também estarão sob nova administração quando a casa reabrir. Os pontos previstos para uma livraria, uma loja de souvenir e uma bombonière terão novos locatários. Segundo a Associação de Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana, responsável pelos aluguéis, os novos administradores estarão mais alinhados com o perfil desejado para a Casa.
— Por administrarmos um espaço público, nos guiamos por um documento chamado Termo de Cessão de Direitos e Obrigações, que nos orienta sobre o tipo de locações adequadas para a casa. Mas, com o passar do tempo, essas locações foram saindo do padrão, o que nos levou a rever estes espaços e adequá-los, e isso exige algumas mudanças, que às vezes não agradam a todos, mas são necessárias — diz Liana Zogbi, presidente da Associação de Amigos da CCMQ.
Groisman também aponta que sua equipe está trabalhando na concretização de três ações: a instalação de uma rede wi-fi de alta velocidade com acesso livre aos visitantes, a elaboração de um folder com o histórico da casa para oferecer ao público e a contratação de um funcionário dedicado exclusivamente a orientar e guiar visitas.
— Nas visitas guiadas, também será permitido visitar o quarto do poeta Mario Quintana, o que jamais foi realizado em anos anteriores — afirma Groisman.
Novidades também estão confirmadas para os cinemas da casa. A Associação de Amigos da Cinemateca Paulo Amorim trabalha na reformulação de duas das três salas e na criação de um núcleo de pesquisa e memória do cinema gaúcho, em 2021.
— Estamos fazendo um banco de dados do cinema gaúcho, que, em breve, deverá estar em um site ou outra publicação. A partir desse levantamento, também realizaremos muitas mostras e debates, para valorizar a história do nosso cinema — projeta Mônica Kanitz, programadora da cinemateca.
A mudança mais radical está destinada às salas Paulo Amorim e Norberto Lubisco, que ainda não contam com a projeção digital DCP, padrão do mercado cinematográfico – a sala Eduardo Hirtz já opera com esse sistema desde o ano passado. Segundo Zeca Brito, diretor do Instituto Estadual de Cinema, uma emenda parlamentar que garante o recurso de R$ 450 mil para a reforma e digitalização das duas salas foi aprovada em 2019, com repasse previsto ainda para 2020.
A liberação dos recursos deve ser realizada até o final do ano, mas ainda não há previsão de início dos trabalhos, já que ainda é necessário encaminhar projetos para cada etapa da obra, que prevê troca de cadeiras, ar-condicionado equipamentos de som e projeção.
— Com a reforma, será possível participar do circuito da cinematografia comercial brasileira e receber as produções em formato de DCP, ofertando melhor qualidade de exibição ao público — afirma Brito.