O presidente Jair Bolsonaro nomeou, na noite desta sexta-feira (19), o ator Mario Frias como o novo secretário especial da Cultura, área subordinada ao Ministério do Turismo. A definição foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União, quase um mês após a saída de Regina Duarte do cargo.
O ator é entusiasta do governo Bolsonaro, o qual costuma defender e fazer publicações favoráveis em suas redes sociais. O nome de Frias vinha sendo especulado antes mesmo da despedida de Regina Duarte - ele foi sondado logo após a saída de Roberto Alvim. Na ocasião, marcada por demissão do secretário após uma paródia de um ministro da Alemanha nazista, Bolsonaro acabou apostando em Regina, demitida em menos de três meses.
Um dia antes de anunciarem a saída da atriz, o ator almoçou com o presidente. Logo em seguida, Bolsonaro postou um vídeo nas redes sociais em que Frias dizia estar à disposição para substituir a atriz no órgão.
— Pro Jair, cara, o que ele precisar eu tô aqui. Eu torço demais pra Regina, eu sou fã dela, mas pelo Brasil eu tô aqui, o que for preciso. Respeito o Jair demais, vejo o Brasil com chance de finalmente ser respeitado — disse Frias à CNN no começo de maio, sobre a possibilidade de assumir a secretaria no lugar de Regina, no trecho do vídeo que foi compartilhado pelo presidente.
Regina Duarte deixou o comando da Secretaria Especial da Cultura no dia 20 de maio. Em anúncio nas redes sociais, Bolsonaro disse que a atriz relatou sentir falta da família e o desejo de voltar para São Paulo. Ela seria, em seguida, empossada na Cinemateca Brasileira, o que não aconteceu até o momento.
Aposta
De acordo com auxiliares do presidente, a chegada de Frias reflete uma nova tentativa do Palácio do Planalto de manter a ala ideológica no comando da área de Cultura, tentativa frustrada na gestão de Regina.
Bolsonaro vinha se queixando que a ex-atriz global não estava atendendo às suas expectativas de manter a militância aguerrida na "guerra cultural". Frias, escolhido com apoio dos filhos do presidente, deu sinais de que vai topar a missão de discurso ideológico.
Ele, porém, não deve ter muita liberdade para comandar a pasta, como sua antecessora. A novidade agora, dizem pessoas ligadas à pasta, é que Frias terá uma gestão tutelada pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP). Foi ela a responsável por levar o nome do ex-galã de Malhação para o Planalto.
Zambelli está atuando na Cultura desde semana passada e ajudou a construir uma "saída honrosa" para Regina. A deputada bolsonarista é fã do escritor Olavo de Carvalho, principal ideólogo do governo e defensor de uma guerra cultural que tem como principal adversário "o comunismo", num amplo conceito usado para identificar tudo que se opõe a Bolsonaro e seus apoiadores.
Bolsonaro e Frias tiveram conversas ao longo da semana sobre as expectativas do presidente para a nova gestão. Segundo assessores presidenciais, ele espera que o ator aumente o rigor na concessão de benefícios ao setor do audiovisual e implemente mudanças na Lei Rouanet.
Quem é
Mario Frias estreou na TV em 1996, no seriado Caça Talentos, da Globo. Na emissora, ele ficou conhecido em 1999 como protagonista da sexta temporada do seriado Malhação, quando fazia par romântico com Priscila Fantin. A seguir, integrou o elenco de diversas novelas na década de 2000, como As Filhas da Mãe e Senhora do Destino.
Seus últimos trabalhos na Globo foram na novela das sete Verão 90, no ano passado, e um retorno a Malhação, interpretando o personagem Renê, em 2014. Frias também teve passagens por Record, SBT e, agora, segue na Rede TV!.
Atualmente, ele é apresentador do game show A Melhor Viagem, exibido pela Rede TV. O programa dá como prêmio uma viagem de formatura à escola vencedora do desafio.
Veja a publicação no Diário Oficial da União
MINISTÉRIO DO TURISMO
DECRETO DE 19 DE JUNHO DE 2020
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84,caput, inciso XXV, da Constituição, resolve:
NOMEAR
MARIO LUIS FRIAS, para exercer o cargo de Secretário Especial de Cultura do Ministério do Turismo.
Brasília, 19 de junho de 2020; 199º da Independência e 132º da República.
JAIR MESSIAS BOLSONARO