A atriz Regina Duarte deixou o comando da Secretaria Especial da Cultura. O anúncio foi feito na manhã desta terça-feira (20) em um vídeo publicado pelo presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.
Na postagem, Bolsonaro disse que Regina relatou sentir falta da família e o desejo de voltar para São Paulo. A atriz deve tomar posse, nos próximos dias, da Cinemateca Brasileira, o que classificou como "um presente".
Os rumores sobre a relação estremecida começaram no final de abril. Na época, uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo relatou que o presidente deu aval a aliados para que dessem início a um processo de fritura de Regina. De acordo com a publicação, o objetivo seria fazer com que a atriz pedisse demissão do cargo.
Regina assumiu o cargo em março, após um longo período de "noivado" com o governo e a fim do seu contrato de mais de 50 anos com a Globo. Nas últimas semanas, no entanto, ela estaria sendo vítima de fogo amigo de integrantes da pasta que permaneceram da gestão passada, como o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que costuma publicar críticas à atriz. O processo de fritura foi negado por Regina e Bolsonaro no vídeo que anunciou sua saída da pasta.
Na noite do dia 28 de abril, Bolsonaro havia criticado o distanciamento de Regina, em entrevista na portaria do Palácio do Alvorada, afirmando que a secretária tem dificuldade na condução da pasta:
— Infelizmente a Regina está trabalhando pela internet e eu quero que ela esteja mais próxima. Uma excelente pessoa, um bom quadro, é também uma secretaria que era ministério, muita gente de esquerda, pregando ideologia de gênero, essas coisas todas que a sociedade, a massa da população não admite, e ela tem dificuldade nesse sentido — disse.
Entrevista polêmica
Regina virou alvo também da classe artística após as declarações dadas em uma entrevista, quando a então secretária especial da Cultura minimizou a ditadura militar brasileira, a tortura praticada no período e as mortes de nomes como o do cantor e compositor Moraes Moreira, do escritor Rubem Fonseca, do compositor Aldir Blanc e do ator Flávio Migliaccio.
Desde que foi nomeada secretária da Cultura, ela não apresentou nenhuma ação contundente para o setor e já vinha sendo criticada pela classe artística por não ter prestado nenhum auxílio à área, que agoniza em meio à paralisia das atividades decorrentes da pandemia do coronavírus.
O nome de quem vai substituir Regina na Secretaria da Cultura ainda não foi divulgado. Nos últimos dias, o presidente teve encontros com o ator Mario Frias, que estaria sendo cotado para assumir o cargo. Em entrevista recente, o artista disse que aceita o convite, caso realmente ocorresse.