Não é qualquer um que consegue comemorar 60 anos de carreira em alto nível, mas o desenhista Mauricio de Sousa, 84, consegue. Convidado deste sábado (7) na CCXP (Comic Con Experience 2019), que acontece em São Paulo, ele comemorou as seis décadas de sua primeira publicação.
– Tinha a necessidade de a cada dia poder usar o espaço de um quadrinho para contar histórias para crianças. Estamos fazendo isso há 60 anos – festeja. – Sabia que uma carreira bem feita poderia ter êxito, mas não imaginava que a Turma do Cebolinha e companhia tivesse tanta força – completa.
Além de festejar, ele também aproveitou o evento para anunciar uma série live action do personagem Jeremias e a continuação do filme Turma da Mônica - Laços, previsto para sair no próximo ano. Ele também afirmou que pensa em reproduzir a série A Princesa e o Robô para longa-metragem.
A primeira tirinha impressa de Mauricio saiu em 18 de julho de 1959, na Folha, recorda.
– Pedi para todo mundo comprar – lembra ele, que foi repórter do jornal e afirma ter muito carinho pela época em que trabalhava com cobertura policial.
A primeira tirinha, do personagem Bidu, ele perdeu duas vezes, recorda.
– Fui para a Folha com o desenho dentro da camisa para não perder. Foi publicado e fez sucesso após dois esquecimentos. Quando foi publicado perguntei se poderia apenas desenhar. Foi ali que me demiti como repórter e virei cartunista.
De lá para cá, Sousa acumula passagens importantes. A Mauricio de Sousa Produções, hoje em dia, é a empresa gerida pelo cartunista e conta com mais de 400 funcionários.
– A tecnologia me permite produzir mais e com mais rapidez. Mas tenho uma equipe de desenhistas que não se adaptou ao computador e só desenha em papel. Demora mais, mas é da mesma qualidade que quando feito nos computadores.
A Turma da Mônica invadiu as livrarias, os comerciais de TV, o cinema e virou parque de diversões.
– A maior conquista, aquela que eu nem imaginava, mas me orgulha demais, é o fato de o material ter servido para a alfabetização de milhões de brasileiros. Essa é minha medalha no peito – reflete.
Mauricio também lembrou quando criou suas personagens femininas.
– Vi minhas filhas brigando em casa, a Magali comendo uma melancia enquanto a Mônica ficava brava e arrastando um coelho pela casa. Me deu um start.
Isso ocorreu na época em que só havia personagens masculinos e pessoas começaram a chamá-lo de misógino:
– Eu nem sabia o que era isso – brinca.