Vencedor de sete troféus no Globo de Ouro, laureado nos prestigiosos festivais de Toronto (prêmio do público) e Veneza (melhor atriz para Emma Stone), La La Land: Cantando Estações chega ao Brasil cercado de expectativas. O longa-metragem de Damien Chazelle está em cartaz em sessões de pré-estreias diárias desde a última quinta-feira e estreia no circuito na próxima quinta.
Chazelle, que já assinara o premiado Whiplash (2014), completa 32 anos exatamente na quinta que vem. Seu novo filme abraça sem uma pitada de cinismo sequer o romance e o musical, que andam fora de moda em Hollywood. A história de amor entre Sebastian (Ryan Gosling), um pianista de jazz, e Mia (papel de Emma Stone), uma aspirante a estrela em Hollywood, parece um antídoto para os tempos sombrios em que vivemos.
– Não pensei nisso quando estava fazendo o longa – diz o jovem diretor. – Mas certamente vivemos em uma época cínica. Talvez isso signifique que há ainda mais razão para esse tipo de filme existir.
Chazelle escreveu o roteiro bem antes de Whiplash, que venceu três estatuetas no Oscar (ator coadjuvante para J.K. Simmons, montagem e edição de som). Foi graças ao sucesso desse projeto que ele conseguiu aprovação e financiamento para fazer La La Land. Diz o cineasta que o novo trabalho surgiu como uma reação aos musicais contemporâneos:
– Eles não são feitos da maneira como eu faria; são cheios de cortes. Gosto dos musicais antigos, nos quais tudo parecia uma única sinfonia. Eram mais elegantes.
Sua inspiração está em produções como Cantando na Chuva (1952), de Gene Kelly e Stanley Donen, e Os Guarda-Chuvas do Amor (1964), de Jacques Demy.
– O que me chamou a atenção, primeiro, foi a rebeldia do gênero. A ideia de que as pessoas vão começar a cantar, e daí? Há um veio experimental nos musicais, mesmo que, em sua era dourada, tenham sido a forma de arte mais convencional. Conforme fui me apaixonando pelo gênero, também descobri que eram os filmes mais sentimentais. Não eram apenas os longas que mais me deixavam feliz, mas também os que me deixavam mais triste.
Como nos musicais de antigamente, os números são espaçados. Não há cantoria o tempo inteiro. A maioria foi registrada em locações reais, e não em estúdio.
Logo na abertura, há um número que não poderia ser mais apropriado para Los Angeles: em um congestionamento monstro numa das vias expressas fundamentais da cidade. Hollywood é, mais do que cenário, quase um personagem do filme.
– Los Angeles é uma cidade surreal, construída pelo cinema, com aquelas palmeiras gigantes. Sou da Costa Leste, não parecia uma cidade real para mim. Também é um lugar duro, que pode ser solitário e isolado – observa Chazelle, que hoje se diz apaixonado pela cidade.
É o que transparece La La Land, verdadeira carta de amor à velha
"fábrica de sonhos".
LA LA LAND: CANTANDO ESTAÇÕES
De Damien Chazelle
Musical, EUA, 2016, 128min.
Em exibição, em Porto Alegre, no Cinemark Barra, no Cinemark Ipiranga, no Cinespaço Wallig, no Espaço Itaú, no Guion Center, no GNC Moinhos, no GNC Praia de Belas e no GNC Iguatemi. Sessões diárias de pré-estreia até a estreia no circuito, na próxima quinta-feira.