O filme Central teve seu momento de glamour neste sábado, à tarde. Inspirado no livro Falange gaúcha (2008), que nasceu a partir de uma série de reportagens publicadas no Diário, em 2007, o documentário foi exibido no Festival do Rio, um dos mais badalados do país.
Participaram da sessão comentada, no Centro Cultural Banco do Brasil, os diretores e roteiristas Renato Dornelles e Tatiana Sager e a antropóloga Alba Zaluar, especialista em crime organizado. São três exibições ao todo no Festival do Rio, além de já ter brilhado em Florianópolis, Montevidéu, no Uruguai, e no Festival de cinema de Gramado.
– Nunca imaginei que o filme teria essa repercussão – diz Renatinho, repórter de segurança pública do Grupo RBS, que assina o livro Falange gaúcha e a coluna Boletim de ocorrência, no Diário, contabilizando 30 anos de jornalismo.
A diretora Tati Sager, sócia-proprietária da Panda Filmes, considera este o segundo grande momento do documentário, depois dapremiação no Festival de cinema itinerante da língua portuguesa (FESTin), em maio, em Lisboa, Portugal:
–Dá até um friozinho na barriga! Ainda mais pela presença da Alba, uma referência.
Pelo Brasil
Com tanto prestígio mundo afora, o documentário vai virar série. Retratos do cárcere passará no canal a cabo Box Brazil – e já há outras emissoras interessadas em exibir o material depois.
O projeto de sequência do filme ganhou financiamento da Agência Nacional do Cinema (Ancine) e tem como objetivo mostrar a realidade do sistema prisional com todas as suas nuances e os reflexos na sociedade.
– Serão 13 episódios, cada um com um tema diferente, como os travestis nos presídios, o poder das facções criminosas e as religiões – adianta Renatinho, que já tem um rico material a ser aproveitado da captação do documentário:
– Conseguimos acompanhar, por exemplo, um ritual de batuque no Central e uma cerimônia de batizado evangélica lá.
A ideia, agora, não é ficar só no Rio Grande do Sul, mas expandir as filmagens, que começam em 2017, para outros presídios do país.
Papel social
Com isso, ganha força a missão social de Central, que já tem sido apresentado aos internos da Fase (Fundação de Atendimento Sócio-Educativo) na Capital.
– A sociedade, que não conhece de perto o sistema penitenciário, acha que, quanto pior a situação lá, melhor, mais se sente vingada. Mas é justamente o contrário – observa Renatinho.
Para multiplicar esta nova visão, o filme vem percorrendo, antes de ir para a tevê, um circuito pelas universidades, com o objetivo de promover o debate:
– O documentário mostra que, quanto mais superlotado o presídio, menor é a interferência do Estado e mais se fortalecem as facções comandando crimes, como o roubo de carros, de dentro da cadeia.
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