Aos 81 anos, a britânica Maggie Smith tem aproveitado os bons papéis que ganha na maturidade para mostrar por que é uma das maiores atrizes em atividade no cinema, no teatro e na TV. Na sequência de sua antológica participação no seriado Downton Abbey (2010 – 2015), ela estrela A Senhora da Van, filme em cartaz nos cinemas que lhe valeu uma indicação ao Globo de Ouro.
Maggie e o diretor Nicholas Hytner repetem a parceria que fez do texto original do dramaturgo Alan Bennett um sucesso nos palcos londrinos. Bennet inspirou-se na convivência que teve por 15 anos, entre 1974 e 1989, com uma idosa sem-teto que vivia numa van que ele permitiu estacionar na sua garagem.
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A Senhora da Van concentra sua dramaturgia nas faíscas resultantes da aproximação de Bannet (vivido por Alex Jennings), tipo contido e solitário, com a chamada Miss Shepherd (Maggie), mulher irascível e dona de observações ferinas sobre o universo que a rodeia. Miss Shepherd arrasta em sua senilidade e decrepitude física um trauma do passado, desvendado ao longo da narrativa, que Bannet ilumina para construir a personagem que o inspira no seu próximo projeto.
O equilíbrio entre o tom melancólico e o humor ácido nem sempre é fluido, mas a vigorosa performance de Maggie Smith minimiza os possíveis reparos a esse terno filme.