Entre os oito indicados ao Oscar de melhor filme em 2016, despontam diretores consagrados e algumas revelações do cinema em língua inglesa – há uma produção britânica (Brooklyn), uma irlandesa-canadense (O Quarto de Jack) e uma australiana (Mad Max) concorrendo. A simples indicação, independentemente da vitória, costuma funcionar como um trampolim para a carreira dos mais jovens – e como reconhecimento para os mais experientes, incluindo aqueles que parecem esquecidos pela Academia de Hollywood, caso de Ridley Scott, que aos 78 anos nunca levou a estatueta para casa. Confira um rápido perfil de cada um dos nomes por trás dos filmes que a Academia considerou os mais significativos de 2015.
Blockbusters ganham destaque na corrida do Oscar 2016
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Adam McKay, de A Grande Aposta
Ator, diretor, produtor e roteirista, nunca antes havia sido indicado. Pudera: originário do televisivo Saturday Night Live, tem no currículo mais filmes esquecíveis do que exatamente premiáveis – seu maior sucesso havia sido O Âncora: a Lenda de Ron Burgundy (2004), protagonizado por seu parceiro usual Will Ferrell. Adepto das comédias, McKay, 47 anos, fez com A Grande Aposta sua primeira incursão no drama. Podia aproveitar o reconhecimento obtido com o filme e seguir no gênero...
Alejandro González Iñárritu, de O Regresso
Mexicano, 52 anos, ex-produtor da rede Televisa, despontou no cinema em 2000, com Amores Brutos, emendando filmes com a mesma estrutura deste longa de estreia, todos escritos pelo roteirista Guillermo Arriaga (21 Gramas, Babel). O fim da parceria determinou uma guinada na carreira – e a consagração em Hollywood: em 2015, ganhou três Oscar, de melhor filme, direção e roteiro original, todos por Birdman. Busca a vitória em dois anos consecutivos nas duas primeiras categorias, o que não é exatamente comum – só aconteceu com John Ford (por Vinhas da Ira e Como Era Verde o Meu Vale, entre 1940 e 1941) e Joseph L. Mankiewicz (por Quem É o Infiel? e A Malvada, entre 1949 e 1950).
George Miller, de Mad Max: Estrada da Fúria
Pai da franquia Mad Max, lançada em 1979, o australiano costuma investir em poucos projetos, todos muito diferentes entre si – do drama O Óleo de Lorenzo (1992) ao "filme do porquinho" Babe (1998). Ganhou o Oscar de melhor animação em 2007 por outra série de filmes que criou e conduziu com mão de ferro, dirigindo todas as continuações – Happy Feet: o Pinguim. Tem 70 anos e, no total, seis indicações (a melhor filme, direção, roteiro original, roteiro adaptado e animação).
John Crowley, de Brooklyn
Irlandês, tem no currículo o prêmio de melhor filme da mostra Panorama do Festival de Berlim de 2008 por Boy A. Brooklyn é o seu quinto longa – e, com alguma vantagem sobre os demais, o mais bem-sucedido entre estes. Tanto que, aos 46 anos, Brooklyn o levou a dirigir dois episódios da segunda temporada de True Detective (2015), da HBO, antes mesmo de seu lançamento no circuito comercial norte-americano. Já é uma das "bolas da vez" entre os grandes estúdios de Hollywood.
Lenny Abrahamson, de O Quarto de Jack
Aos 49 anos, não é exatamente um cineasta jovem – mas tem poucos filmes no currículo, alguns assinados com seu prenome de batismo, Leonard. Também é irlandês e só assinou produções pequenas, algumas delas exibidas em grandes festivais (Garage passou por Cannes em 2007), mas todas de pouca penetração no mercado internacional. Até Frank (2014), drama estrelado por seu conterrâneo Michael Fassbender que entrou em listas dos melhores do ano para alguns críticos norte-americanos. E abriu as portas de Hollywood para o diretor.
Ridley Scott, de Perdido em Marte
Quando surgiu, com a tríade Os Duelistas, Alien e Blade Runner (lançados entre 1977 e 1982), tornou-se um dos grandes diretores de Hollywood. Mas só conseguiu a primeira indicação ao Oscar em 1992, por Thelma & Louise. Sua carreira irregular contempla em sua maioria grandes produções (é um diretor de confiança dos grandes estúdios), de sucessos como Gladiador a fracassos como O Conselheiro do Crime. Tem 78 anos e está na quarta indicação. Até hoje, nunca ganhou um Oscar.
Steven Spielberg, de Ponte dos Espiões
Com 16 indicações e três estatuetas ganhas (melhor diretor por O Resgate do Soldado Ryan e melhor filme e diretor por A Lista de Schindler), o "pai dos blockbusters" tem se dedicado muito à produção, mas os longas mais recentes que dirigiu foram todos lembrados pela Academia – antes de Ponte dos Espiões, emplacou Lincoln e Cavalo de Guerra. No novo título, uniu-se aos roteiristas Ethan e Joel Coen e voltou a trabalhar com o ator Tom Hanks. Não está indicado a melhor diretor, o que não deixa de ser contestável, dado que, entre os oito concorrentes a melhor filme, tem uma das direções mais seguras e eficientes. Tem 69 anos.
Tom McCarthy, de Spotlight
É ator, com dezenas de filmes no currículo, nenhum deles em algum papel central. Estreou na direção em 2003, com a divertida comédia O Agente da Estação, demonstrando habilidade também no drama, principalmente com O Visitante (2007). Já havia sido indicado antes pelo roteiro da animação Up – Altas Aventuras (2009), que escreveu com os "homens da Pixar" Bob Peterson e Pete Docter. Completou 50 anos no dia 30 de janeiro e, hoje, tem uma das carreiras mais promissoras de Hollywood.