Apresentados em 1950 nas tirinhas de jornal criadas pelo americano Charles M. Schulz (1922-2000), Charlie Brown e seu cãozinho beagle Snoopy ganharam o mundo como ícones da cultura pop. A turminha do Peanuts (Minduim no Brasil) chega agora aos cinemas com sua primeira produção em 3D, tanto no formato da realização, em computação gráfica, quanto no suporte de projeção nas salas compatíveis.
Com produção do estúdio Blue Sky (da franquia A Era do Gelo) e direção de Steve Martino (de Horton e o Mundo Dos Quem!), a animação Snoopy & Charlie Brown - Peanuts, o Filme mostra Charlie Brown – e sua adorável sina de perdedor que sempre mete os pés pelas mãos sem desistir jamais – empolgado com a chegada de uma nova colega de escola: a Garotinha Ruiva.
Em meio às tímidas e desastradas tentativas de se aproximar da menina, Charlie vive sua rotina de brincadeiras e aventuras com a irmã Sally, o melhor amigo Linus, a implicante Lucy, a esperta Patty Pimentinha e o erudito Schroeder, entre outros integrantes da turma. Enquanto isso, Snoopy segue com seu fiel parceiro Woodstock por aventuras imaginárias nas quais encarna um aviador que combate o temido Barão Vermelho.
Charlie Brown e seus amigos ajudaram a popularizar as tirinhas de humor nos jornais de todo o mundo. O sucesso dos personagens se repetiu também na televisão, no cinema e na milionária linha de produtos licenciados. Muito do poder de encanto de Peanuts está no diálogo com crianças e adultos, que se reconhecem tanto nas aventuras e dilemas da infância quanto no humor melancólico de Charlie, menino que espelha um deslocamento do ambiente em que tenta permanentemente se enquadrar.
Os diálogos curtos, diretos e espirituosos que pautam as cenas breves dos quadrinhos perdem um tanto de seu impacto numa narrativa de maior fôlego como essa. Mas o carisma dos personagens e a beleza da animação se impõem à falta de maior inspiração de uma trama que, para ganhar pique, alterna-se entre o pequeno grande drama real de Charlie Brown e os delírios escapistas de Snoopy.
Na animação estão presentes alguns dos elementos que tornaram Peanuts uma produção em sintonia com as demandas sociais e comportamentais de seu tempo. No universo de Schulz, meninas praticam esportes junto com os meninos (nos anos 1950 e 1960, isso era incomum). Em 1968, auge da luta pelos direitos civis nos EUA, ele colocou na turma um menino negro, Franklin.
Peanuts teve fim em 2000, a pedido de Schulz, que não queria ter seus personagens sob controle de outras mãos (ele próprio desenhava, colorizava e legendava as histórias). Na ocasião, as tirinhas eram publicadas em 2,6 mil jornais de 21 países. As histórias seguem sendo reimpressas.