O Globo de Ouro pode não ser mais aquele termômetro preciso que dá a temperatura do Oscar, mas neste ano a premiação da imprensa estrangeira em Hollywood, realizada no domingo à noite em Los Angeles, apontou o primeiro favorito ao principal prêmio da indústria. O filme se chama O Regresso e é assinado pelo mesmo diretor de Birdman, que ganhou o Oscar 2015 – o mexicano Alejandro González Iñárritu.
O Regresso foi o grande vencedor do Globo de Ouro 2016, em premiação marcada pela falta de títulos que de fato tenham emocionado as plateias norte-americanas (no Brasil, o longa estreia em 4 de fevereiro). Pode-se dizer algo semelhante no que diz respeito às séries de TV – são raros os fãs fervorosos de Mr. Robot, que faturou o prêmio de melhor seriado dramático, e Mozart in the Jungle, que levou o de melhor seriado cômico ou musical.
Confira como foi a cobertura ao vivo
Os melhores looks do tapete vermelho
Para completar a lista dos laureados nas categorias mais badaladas, uma ironia: o diretor Ridley Scott finalmente ganhou um Globo de Ouro, mas não foi por um filme à altura de seus melhores (Blade Runner, Os Duelistas, Alien), e sim por Perdido em Marte, uma mistura de drama com aventura e ficção científica que faturou o troféu de... melhor filme de comédia ou musical. Não é de hoje, aliás, que a imprensa estrangeira de Hollywood se atrapalha nesse sentido. Basta lembrar, por exemplo, que nos últimos anos esta mesma categoria (comédia ou musical) serviu para enquadrar dramas como Álbum de Família, Nebraska, Mapas para as Estrelas...
Veja, abaixo, a galeria de fotos do evento:
Perdido em Marte também rendeu o primeiro prêmio de interpretação a Matt Damon em Hollywood. Até aqui, ele só havia vencido, tanto o Globo de Ouro quanto o Oscar, como roteirista (por Gênio Indomável, em 1998). Outro astro da mesma geração, Leonardo DiCaprio, o protagonista de O Regresso, ganhou seu terceiro Globo e se candidata, talvez agora com mais força do que em anos anteriores, a vencer o seu primeiro Oscar.
Os prêmios afetivos foram uma marca da cerimônia deste domingo. Os fãs de séries e filmes populares como Game of Thrones e Mad Max: Estrada da Fúria podem ter se frustrado que ambos foram esquecidos na distribuição dos troféus, mas o Globo de Ouro 2016 vai ficar marcado pela consagração de nomes queridos do grande público. Sylvester Stallone foi ovacionado ao erguer o prêmnio de ator coadjuvante por Creed, longa-metragem no qual volta a interpretar o boxeador Rocky Balboa, e a cantora Lady Gaga surpreendeu a vencer na categoria de atriz em minissérie ou telefilme, por American Horror Story: Hotel.
Da mesma forma, faz sentido afirmar que a vitória de Jon Hamm foi uma homanegam à trajetória de seu personagem, o publicitário Don Drapper de Mad Men. Hamm havia levado o Globo de Ouro em 2008, pelo seu desempenho na primeira temporada do histórico seriado. Volta a receber o mesmo troféu oito anos depois, em sua última temporada, como quem fecha um ciclo. O ciclo de vida de uma das figuras mais icônicas da era de ouro da televisão.
Hamm ganhou na categoria em que também concorria o baiano Wagner Moura (por Narcos). Não é adequado usar o termo injustiça: falando em uma língua que não é a sua, Moura tem dificuldade para se expressar com naturalidade, o que prejudica toda a sua composição do traficante Pablo Escobar. A indicação, para o grande ator brasileiro, que aos 39 anos já é um dos maiores da história da dramaturgia do país, já constitui um triunfo significativo.
Confira todos os premiados
Melhor filme - Drama: O Regresso
Melhor filme - Comédia ou musical: Perdido em Marte
Melhor direção: Alejandro González Iñárritu (O Regresso)
Melhor ator - Drama: Leonardo DiCaprio (O Regresso)
Melhor ator - Comédia ou musical: Matt Damon (Perdido em Marte)
Melhor atriz - Drama: Brie Larson (O Quarto de Jack)
Melhor atriz - Comédia ou musical: Jennifer Lawrence (Joy)
Melhor ator coadjuvante em filme: Sylverster Stallone (Creed)
Melhor atriz coadjuvante em filme: Kate Winslet (Steve Jobs)
Melhor roteiro em filme: Steve Jobs
Melhor animação: Divertida Mente
Melhor filme estrangeiro: O Filho de Saul, de László Nemes (Hungria)
Melhor trilha sonora: Ennio Morricone (Os Oito Odiados)
Melhor canção: Writing on the Wall (007 contra Spectre)
Melhor série de TV - Drama: Mr. Robot
Melhor série de TV - Comédia ou musical: Mozart in the Jungle
Melhor minissérie ou filme para TV: Wolf Hall
Melhor ator em série de TV - Drama: Jon Hamm (Mad Men)
Melhor ator em série de TV - Comédia ou musical: Gael García Bernal (Mozart in the Jungle)
Melhor atriz em série de TV - Drama: Taraji P. Henson (Empire)
Melhor atriz em série de TV - Comédia ou musical: Rachel Bloom (Crazy Ex-girlfriend)
Melhor ator em minissérie ou filme para a TV: Oscar Isaac (Show me a Hero)
Melhor atriz em minissérie ou filme para a TV Lady Gaga (American Horror Story: Hotel)
Melhor ator coadjuvante em série, minissérie ou filme para a TV: Christian Slater (Mr. Robot)
Melhor atriz coadjuvante em série, minissérie ou filme para a TV: Maura Tierney (The Affair)