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Na trama da Ópera do Malandro, musical de Chico Buarque estreado originalmente em 1978, nada é o que parece ser. O chefe de polícia, inspetor Chaves, é amigão do contrabandista Max Overseas, inimigo público número um. O comerciante Duran, que cobra moral do inspetor, administra uma rede de bordéis ao lado da mulher, Vitória Régia. E a filha deles, Teresinha, criada para ter um casamento vantajoso, acaba se unindo com ninguém menos do que Max, que, por sinal, tem um segredo com outra mulher. Qualquer semelhança da história, ambientada na Lapa carioca dos anos 1940, com a atualidade não é mera coincidência.
- Parece que a peça acabou de ser escrita, tal é a semelhança com a realidade do Brasil atual. Isso é bom para a peça, mas é péssimo para o país - afirma João Falcão, diretor da nova montagem carioca do musical, que tem sessões sábado e domingo, no Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre.
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Estreada em 2014, em meio a outras produções que homenagearam os 70 anos de idade de Chico Buarque, esta versão de Falcão (também diretor de Ensina-me a Viver) traz como diferencial um elenco quase exclusivamente masculino, com o qual havia montado o musical Gonzagão - A Lenda (2012). A única atriz é Larissa Luz, que interpreta João Alegre, apresentado em cena como autor do espetáculo, em um jogo de metalinguagem.
O nome do personagem é uma alusão ao dramaturgo inglês John Gay, autor de A Ópera do Mendigo (1728), que inspirou A Ópera dos Três Vinténs (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill. Ambas serviram de referência para Chico na escrita de seu musical.
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Conhecido recrutador de novos talentos, Falcão buscou nas noites cariocas o nome para viver o protagonista Max Overseas. Com quatro discos na bagagem e prestes a lançar o quinto, o sambista Moyseis Marques aparece aqui em seu primeiro papel no teatro profissional.
Que o público não se surpreenda, portanto, com a naturalidade de sua ginga. Entre o estranhamento e a identificação, a plateia aprende a amar o carismático bandido da peça, garante Marques:
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- As pessoas começam com raiva dele, mas o espetáculo tem quase três horas de duração, tempo suficiente para mudarem de opinião (risos). Max é um bon vivant, quer trabalhar pouco e aproveitar os prazeres da vida.
Não menos importante do que a dramaturgia, a trilha do musical revelou algumas das canções de Chico mais queridas do público, como Teresinha, Homenagem ao Malandro, O Meu Amor, Geni e o Zepelim e Pedaço de Mim. A essas o diretor somou outras compostas posteriormente por Chico sobre o mesmo universo, como Palavra de Mulher e A Volta do Malandro.
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- Chico sempre escreveu muito bem. A construção de suas letras é sofisticada, são peças de literatura, poesia de qualidade. Os personagens de suas canções são ricos, têm vida além da música. Não por acaso, atualmente Chico passa mais tempo escrevendo livros do que fazendo música - analisa Falcão.
Serviço
Sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Duração: 180 minutos (com 15 minutos de intervalo). Classificação: 14 anos.
Teatro do Bourbon Country (Avenida Túlio de Rose, 80), fone (51) 3375-3700, em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 100 (galerias), R$ 120 (mezanino), R$ 130 (plateia alta) e R$ 150 (camarote e plateia baixa). Desconto de 50% para sócio do Clube do Assinante nos primeiros cem ingressos e de 10% nos demais.
Ponto de venda sem taxa: bilheteria do teatro, hoje, das 10h às 22h, e amanhã, das 14h até a hora da sessão. Pontos de venda com taxa: site ingressorapido.com.br e call center 4003-1212 (hoje, das 9h às 22h, e amanhã, das 12h às 18h). Em Novo Hamburgo: Universidade Feevale (Campus II, Rua Coberta, ERS-239, 2.755, fone 51 3271-1208) hoje, das 9h às 14h, e Bourbon Shopping Novo Hamburgo (Avenida Nações Unidas, 2.001, quiosque Teatro Feevale, 2º andar) hoje, das 12h às 22h. Em Gramado: Agência Brocker Turismo (Avenida das Hortênsias, 1.845, fone 54 3286-5405) hoje, das 9h às 18h30min.